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NUMA MADRUGADAFRIAdeJunho,deipormimno meio
da escuridãojuntodamargemocidentaldorioSumida, em
Tóquio, olhandoosturistasquevestiamcoletesgarridos.
Era comoseaquelassetentapessoasoriundasdaÁfrica do
Sul, da China,daMalásia,deEspanhae daRússia,tiritando
de frio, tivessem feito longas viagens para correrem atrás
de bolas na frente ribeirinha da cidade. ¶ Faltavam uma ou
duas horas para a alvorada e, na verdade, estávamos a ves-
tir-nos para uma visita ao Tsukiji Shijo, então o maior mer-
cado de peixe do mundo. Tsukiji era um labirinto de
armazéns, congeladores, áreas de carga, pontos de leilão e
bancas de venda. Alimentava a cidade há quase um século
e tornara-se, para grande tristeza de alguns dos seus traba-
lhadores, uma atracção turística, divulgada em numerosos
artigos e programas de culinária de todo o mundo. ¶
Quando o visitei, no ano passado, o mercado histórico
estava prestes a fechar portas. As bancas arejadas e o solo
pedregoso e rachado atraíam os turistas, em busca de
autenticidade. Porém, na hipermoderna Tóquio, o vintage
tende a ser considerado uma parte insalubre do passado
desregrado. Estava previsto o encerramento de Tsukiji no
Outono e a transferência dos vendedores do centro da
cidade para novas e desinteressantes infra-estruturas a
sudeste. ¶ Fizemos fila para entrar. Escamas de peixe relu-
ziam em poças aos nossos pés e o ar cheirava a óleo e a
maré baixa. Empilhadoras e carros de gelo ruidosos movi-
mentavam-se em todas as direcções, como aves em pânico.