National Geographic - Portugal - Edição 218 (2019-05)

(Antfer) #1

84 NATIONAL GEOGRAPHIC


O SOL AINDA DOMINA


O CÉU ESTIVAL


DO ALASCA QUANDO


O TELEFONE TOCA


ÀS 21H47.


AS SIRENES FAZEM SOAR o alarme e oito bombeiros
pára-quedistas correm até aos cacifos para vestirem
o equipamento.
“Primeira carga à caixa!”, berra uma voz no inter-
comunicador. Itchy, Bloemker, O’Brien, Dibert,
Swisher, Koby, Swan, Karp e Cramer são os homens
no topo da lista de salto. Desde o fim da tarde que
têm andado sobretudo de volta da mesa de opera-
ções, na sua base em Fort Wainwright, contando
anedotas e provocando-se uns aos outros, aguar-
dando com ansiedade e entusiasmo a sua vez de
saltarem do avião para combaterem um incêndio
florestal numa região remota.
Agora, dispõem de dois minutos para se vesti-
rem e subirem para o avião. É uma rotina treinada:
as mãos voam agilmente pelo corpo, prendendo as
joelheiras e as caneleiras, correndo o fecho-éclair
dos fatos-macaco e apertando os pesados arneses
de nylon. Os fatos-macaco foram previamente
equipados – um bolso numa das pernas das calças
contém um painel solar e uma gabardina. O bolso
da outra perna vai carregado com barras energé-
ticas e uma corda de 45 metros, além de um dis-
positivo de rappel, para a eventualidade de aterra-
rem na copa de uma árvore. Uma bolsa de grande


dimensão agarrada ao traseiro contém uma tenda
e um saco para o pára-quedas.
Outros bombeiros pára-quedistas rodeiam-nos
rapidamente, ajudando os homens a equiparem-
-se com os seus pára-quedas principais e pára-
-quedas de reserva. Por fim, cada um pega no seu
capacete de salto – equipado com uma máscara
de rede para protecção do rosto, em caso de des-
cida entre os ramos das árvores – e no seu saco
de objectos pessoais, contendo um litro de água,
luvas de cabedal, capacete, foguetes para atear
fogos propositadamente e limpar terreno para
travar o avanço do incêndio, faca, bússola, rádio e
um saco especial de alumínio que serve de abrigo
de emergência contra fogos.
Dois minutos depois de a sirene soar, lá vão
eles, bamboleando-se pelo alcatrão da pista, cada
um carregado com quase cinquenta quilogramas
de equipamento e material. Totalmente equipa-
dos, parecem anafados, mas cada homem traz
consigo um conjunto cuidadosamente seleccio-
nado, posto à prova ao longo de muito tempo,
de artigos essenciais para um bombeiro-saltador
combater fogos e sobreviver numa das florestas
mais isoladas e bravias do mundo.
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