BOMBEIROS DO ALASCA 89
- Esse raio ateou um pequeno incêndio que aca-
bou por se transformar no tristemente célebre
Incêndio de Blackwater, que matou 15 bombeiros e
consumiu quase setecentos hectares. A investigação
conduzida pelo Serviço de Florestas dos EUA con-
cluiu que a única maneira de evitar essas tragédias
no futuro seria os bombeiros combaterem os fogos
florestais em zonas isoladas enquanto estes ainda
não assumem maior expressão.
Na década de 1930, o Serviço de Florestas come-
çou a averiguar a viabilidade de lançar pequenas
equipas de pára-quedas em zonas isoladas. No dia
12 de Julho de 1940, os primeiros bombeiros pá-
ra-quedistas foram destacados para um incêndio
na Floresta Nacional de Nez Perce, em Idaho. Ao
longo das décadas que se seguiram, o Serviço de
Florestas criou sete bases de bombeiros pára-que-
distas nos 48 estados contíguos dos EUA, e o Ga-
binete de Ordenamento do Território mais duas,
uma das quais no Alasca. Cerca de 450 bombeiros
pára-quedistas no activo são destacados para o
combate a fogos florestais a partir destas bases.
“Nesses primeiros anos, ficou provado que o
posicionamento dos homens enquanto o fogo
grassava numa área do tamanho de uma sala em
vez de em centenas de hectares, permitia poupar
dinheiro, florestas, vidas e propriedade privada”,
diz Chuck Sheley, bombeiro reformado e vice-pre-
sidente da Associação Nacional de Bombeiros Pá-
ra-quedistas. “Este princípio ainda é válido.”
Com o tempo, começou a discutir-se se haveria
necessidade de bombeiros pára-quedistas nos 48
estados contíguos dos EUA, uma vez que o de-
senvolvimento urbano se estendera a zonas ante-
riormente isoladas. Actualmente, 90% dos fogos
surgem a menos de um quilómetro de distância
da estrada mais próxima, sendo possível o aces-
so com viaturas. Porém, no interior do Alasca, a
enorme maioria do território só é acessível por
avião. Com frequência, os fogos florestais isola-
dos são deixados à solta, mas, quando o incêndio
ameaça vidas e bens, os bombeiros pára-quedis-
tas continuam a ser as tropas de vanguarda.
O treino dos bombeiros pára-quedistas do Alas-
ca é um dos mais exigentes do mundo. Dos cerca
de duzentos candidatos que se apresentam todos
os anos, cerca de 10% são seleccionados para a for-
mação inicial. Os candidatos mais competitivos
têm dez anos de experiência no combate a fogos
florestais e capacidades físicas inquestionáveis.
Cada bombeiro pára-quedista, homem ou mu-
lher, precisa de ser aprovado num teste físico to-
dos os anos se quiser manter o posto de trabalho.
desenrolam-se no céu, permitindo uma avaliação
da velocidade e da direcção do vento.
“À portinhola!”, grita o líder. O primeiro ho-
mem na lista de salto, Jeff McPhetridge, conhe-
cido como Itchy, de 49 anos, senta-se com os pés
já fora do avião. “Pronto?”, pergunta Bille. Um
instante depois, bate-lhe no ombro. Jeff salta
para fora do avião. Três bombeiros seguem-no.
À segunda passagem, os outros quatro homens
saltam para o céu. Os pára-quedas voam em cír-
culos sobre a floresta em chamas, como traças a
aproveitar as correntes atmosféricas sobre uma
fogueira. Um por um, voam em direcção ao fumo.
A LINHAGEM PROFISSIONAL DOS OITO HOMENS que
descem agora, vindos do céu, inicia-se com um raio
que se abateu sobre uma árvore, localizada a leste
do Parque Nacional de Yellowstone, em Agosto de