BOMBEIROS DO ALASCA 91
“Escolhemos apenas pessoas capazes de agir
sob stress”, explica Robert Yeager, antigo for-
mador de bombeiros. “Pessoas que consigam
dominar os nervos, a ansiedade e a adrenalina,
pessoas dispostas a enfrentar desafi os de vida
ou morte.”
Os participantes no curso de cinco semanas
já sabem como combater fogos, mas têm de
aprender técnicas avançadas de pára-quedis-
mo – como calibrar e ponderar, com rapidez e
precisão, as numerosas variáveis que se alteram
constantemente: o vento, o terreno, o estado do
pára-quedas, a zona de aterragem.
Os principiantes fazem, no mínimo, 20 sal-
tos de treino – fi lmados, avaliados e criticados.
Quarenta por cento dos formandos não conse-
guem tornar-se bombeiros pára-quedistas.
OS BOMBEIROS PÁRA-QUEDISTAS aterram a menos
de cinquenta metros de distância do incêndio
agora denominado Fogo 320, rolando sobre as
ancas para absorverem o choque. Em poucos
minutos, já guardaram os pára-quedas. As paletes
com equipamento antifogo – ferramentas como
serras eléctricas, pás, batedores, machados
Pulaskis (uma mistura de machado com enxó)
- estão a cair na zona de aterragem. A equipa não
terminou de abrir as caixas e o vento já mudou
de direcção.
Os homens nem sequer têm tempo para do-
brar os pára-quedas da carga: em vez disso, diri-
gem-se imediatamente ao incêndio. As chamas
sobem pelos abetos e ateiam fogo ao quebradi-
ço musgo-das-renas. O fumo invade a fl oresta.
Os homens começam a atacar os limites do in-
cêndio com os batedores (varas com tiras gros-
sas de borracha nas pontas) mas o Verão tem
sido seco e o musgo-das-renas transformou-se
numa camada de 15 centímetros de estopim de
primeira qualidade. Apagam o fogo, mas as cha-
mas ressurgem de imediato.
“O fogo não se podia apagar sem água”, con-
ta Jeff. Os homens correm até um riacho nas
redondezas e enchem quatro “bexigas” de 19
litros, utilizando os capacetes. Evan Karp, de 36
anos, um saltador corpulento de barba espessa
e hirsuta, monta uma bomba de água e começa
a ligar a mangueira, enquanto os outros correm
novamente para a frente de fogo.
Jeff McPhetridge não dá ordens nem instru-
ções. “Todos sabem exactamente o que fazer”,
diz mais tarde. “É por isso que esta unidade é
uma maravilha.”
Zona de impacte
Mais de 90% dos fogos
florestais registados
entre 1956 e 1999
no Alasca foram causados
por raios. A intensidade
da descarga resulta
frequentemente em
fogos com uma dimensão
duas vezes superior à
daqueles causados pelas
actividades humanas.
Abeto-negro
Picea mariana
Altura média:
9-15 metros
ESCADA
Arbustos
No Alasca, as chamas passam
muitas vezes por cima desta
etapa intermédia, pois o
abeto-negro é muito
inflamável.
COROA
Árvores
Os ramos carregados de
seiva e as pinhas resinosas
das coníferas, como o
abeto-negro, ardem mais
depressa do que outros
combustíveis florestais.