38 | Sabor. club [ ed.41 ]
“EU ANDO MEIO REFLEXIVA”, me diz a Ana nos primeiros minutinhos da
nossa conversa pelo telefone. E olha que, para uma pessoa que está sempre
antenada com o mundo e pensando sobre o que capta, a declaração
não é pouca coisa.
Ela, naturalmente, está refletindo sobre os rumos do planeta, num
movimento que vai ao passado, vem ao presente e segue para o futuro.
Com pouco mais de 60 anos e presa em casa, diz ela, seguindo as
orientações para se proteger do mal que abate o planeta, Ana já nos deu tanto
ao formatar muito do que comemos, a partir da personalidade que deu para
cada restaurante criado com a sua assinatura, que o meus ouvidos plugados
em fones parecem ficar ainda mais ligados. O que ela diz vem
em alta fidelidade.
“Estamos num tempo de ler, o que é muito diferente do tempo de ver.
É hora de ouvir o som das palavras, sem escutá-las propriamente. É hora de
perceber a forma, de se deixar envolver por ela. Em outro ritmo. Já vivemos
demais uma comunicação exacerbada. Precisamos repensar isso. Afinal, que
mundo novo virá por aí?” Eu fico em silêncio. E ela, sabiamente, não ousa
fazer nenhuma previsão. Dar palpites. Está processando ainda.
Com o perfil que tem (agitado e afirmativo), Ana sempre esteve à frente
e costuma acertar nas suas apostas. Como a que fez há quase 20 anos, ao
recusar ter o próprio restaurante, para abrir uma rotisseria e nela fazer as
massas que aprendeu com a família. E também molhos e outras gostosuras,
para a gente comer em casa. Porque, como ela defende, “que alegria é comer
em casa, não?” Depois de se envolver na produção da mesa, no fazer da
comida e de finalizá-la, caprichando nos mínimos detalhes”.
Ao ouvir a mestre, lembro de uma cena marcante que presenciei no seu
Mesa III, em São Paulo. A freguesa, fascinada com o oceano de pastas (frescas
e secas) à disposição na casa, comprava em volume, como se fosse servir um
prato diferente para cada membro da família. Aí veio a Ana.
Com a voz suave e a leveza que apaixona, ela se dirigiu à mulher: “Eu
sou a Ana Soares, posso ajudar?”. Na sequência, como uma professora, quase
mãe ou avó, foi falando sobre cada massa, cada acompanhamento. E sugeriu:
“Olha, acho que você deve levar só essa aqui. Serve muita gente, sabe?”.
E continuou: “Ela vai bem com tanta coisa... Me diz, você tem abobrinha na
A Mesa III acaba de
lançar seu e-commerce,
com entregas para
toda a cidade de São
Paulo em até 1h. Na loja
virtual (loja.mesa3.com.
br), a gente encontra
produtos renovados
diariamente, dentre
massas recheadas e de
fio, molhos, antepastos,
quiches, tortas e
sobremesas. Na estreia
do serviço, o cardápio
disponível é uma seleção
dos favoritos da Mesa III:
clássicos da casa para
finalizar em casa, como
agnolotti de Burrata, o
ravioli-Plin de zucca e
o cappelle de vitela e
amêndoas, que podem
ser acompanhados
por molhos como o
delicado de tomates -
basta aquecer e servir.
Os itens também estão
à disposição para take
away diretamente na
rotisseria, que suspendeu
o funcionamento do
Mesa III Café por tempo
indeterminado. A Loja
de Fábrica também faz
delivery, com pedidos
pelo telefone.
Tels.: (11) 3868-5500
e (11) 3673-3448
“Estamos num tempo de ler, o que é muito diferente de ver.
É hora de ouvir o som das palavras, sem propriamente escutá-las”
Na sua casa
Como pedir a comida
da Aninha por telefone
ou pela internet