Planeta - Edição 547 (2019-04 & 2019-05)

(Antfer) #1
Colocando em pratos limpos: seria fundamental
dobrar o consumo global de alimentos mais saudá-
veis, como frutas, vegetais, legumes e nozes, e redu-
zir a menos da metade o consumo de alimentos me-
nos saudáveis, como açúcares adicionados e carne
vermelha. “Essa é uma dieta flexitária, em grande
parte baseada em plantas, mas que pode opcional-
mente incluir quantidades modestas de peixe, car-
ne e laticínios”, define o relatório.

Opções dO cardápiO
“Cortar na carne”, que ganhou uma forte carga am-
biental nessa perspectiva, já é lema há séculos da
linha vegetariana, dieta isenta de produtos de ori-
gem animal – inclusive leite, ovos, mel e outros. E
mais ainda do veganismo, que extrapola a mesa
e leva a proposta a qualquer item produzido por
meio da exploração animal.
“O veganismo é um modo de vida ético em respei-
to aos animais. O vegano tem uma dieta vegetariana


  • não existe dieta vegana”, esclarece Douglas Ribeiro,
    membro da Sociedade Vegana e responsável pela co-
    municação da entidade, criada em 2010. Essa postura
    atende ainda a uma reaproximação do homem com a
    natureza. Apesar de tanta sintonia entre as causas, as
    origens do veganismo (surgido em 1942) e do vegeta-
    rianismo não têm correlação com o meio ambiente.
    “Se isso gera benefícios para o planeta, é um bônus,
    mas não é a razão de ser”, marca.
    A dieta flexitária, ou “flexitarianismo” (mistura
    de flexível com vegetarianismo), e a reducionista,


Capa


ou “reducitarianismo”, são no-
vas vertentes de alimentação,
surgidas neste século, que suge-
rem reduzir as porções de carne,
principalmente a bovina. Ambas
têm como foco a preservação do
meio ambiente e a questão de
saúde, mas não visam à exclusão
total das proteínas animais, em-
bora considerem também a pro-
teção dos animais. “Embora os
flexitarianos comam principal-
mente plantas com a inclusão
ocasional de carne, ovos e laticí-
nios, os reducionistas conscien-
te e gradualmente diminuem
seu consumo desses produtos
animais em relação à sua própria
dieta”, diferencia o site oficial da
Reducitarian Foundation.
“As motivações do vegetaria-
no são a saúde e a postura éti-
ca de não violência aos animais,
já que 98% da exploração ani-
mal acaba no prato das pessoas”,
observa Ricardo Laurino, presi-
dente da Sociedade Vegetariana
Brasileira. Para ele, essas novas
linhas indicam que uma grande
parcela da população está come-
çando a ser impactada por infor-
mações sobre todo o benefício
desse tipo de alimentação.

34 abril/maio 2019 Planeta

Boa parte
do cultivo de
grãos como
soja (foto)
e milho é
voltada para
a alimentação
dos animais
destinados
ao abate

Paul
McCartney:
um dos
famosos que
convidam
à dieta
vegetariana

Outras ramificações do vege-
tarianismo seguem o mesmo ca-
minho - como os protovegeta-
rianos, ovolacteovegetarianos,
paleovegans, etc. Essas deriva-
ções fizeram com que os vege-
tarianos de fato passassem a ser
“reclassificados” como “vegeta-
rianos estritos”. “Nós, da SVB, en-
xergamos que há pessoas que es-
tão caminhando para deixar de
consumir produtos de origem
animal, mas que, por alguma di-
ficuldades ou resistência – social,
do meio, ou mesmo psicológica
–, não conseguem fazer a transi-

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