Cerimônia
dedicada
às vitimas
de Suzano:
comunidade
homenageia as
vidas perdidas
indesejada
Em 2017, a Save publicou
diretrizes abrangentes para re-
latos de tiroteios em massa,
que oferecem conselhos espe-
cíficos para minimizar o com-
portamento de “imitadores” de
outros atiradores em potencial.
Uma delas é divulgar a foto do
assassino “com parcimônia”. Ao
publicar a foto, a mídia deveria
eliminar imagens de armas ou
uniformes, elementos visuais
que podem inspirar imitadores.
A imprensa não deve sensa-
cionalizar atos individuais de
violência de forma a “encorajar
pessoas que possam buscar no-
toriedade”.
A professora de jornalismo
da Universidade do Oregon
(EUA) Nicole Dahmen, que es-
tuda representação visual na
mídia, acrescenta uma sugestão
importante: em vez de se con-
centrar apenas nesse tipo de cri-
me, abrir espaço para apresen-
tar soluções para o problema e
mostrar como as comunidades
vitimadas estão se recuperando
do trauma.
A Save também recomenda
que se evite chamar um massa-
cre de “incidente mais mortífero
desde Columbine” (o assassina-
to de 12 alunos e um professor
de uma escola do Colorado em
1999), por exemplo. (Essa, aliás,
foi uma comparação feita no ca-
so de Suzano.) A entidade subli-
nha: a imprensa não deve cobrir
esses tiroteios como uma espé-
cie de competição. M
na seguinte. A partir daí, diz Walker, é importante
não saturar demais os espectadores com extensas
coberturas dos massacres.
Naturalmente, a mídia noticiosa deve cobrir o
tema da violência armada e investigar possíveis
soluções. Mas pode fazer isso debatendo a questão
de modo mais amplo, em vez de se concentrar em
tragédias individuais de uma forma que pode au-
mentar desnecessariamente a ansiedade pública
enquanto glamuriza os atiradores.
O dr. Dan Reidenberg, psicólogo e diretor exe-
cutivo da organização Suicide Awareness Voices
of Education (Save), defende mudar a forma co-
mo a mídia noticia atos de violência como suicí-
dios e tiroteios em massa. “Queremos ter certeza
de que o suposto agressor não seja excessivamen-
te mencionado”, diz. A intenção é clara: inibir que
esses criminosos inspirem novos casos do gênero,
porque sem essa medida os atiradores em poten-
cial verão a violência como uma forma de ganhar
fama rapidamente.
Imagem do
acusado do
massacre de
Christchurch
no tribunal:
rosto borrado
por ordem do
juiz do caso
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