O Estado de São Paulo (2020-05-21)

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A14 QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes

RIO


O futebol brasileiro começou a
ensaiar uma retomada que, de-
pendendo da curva de casos de
coronavírus, poderá ocorrer no
fim de junho. Essa possibilida-
de foi levantada pelo secretá-
rio-geral da Confederação Bra-
sileira de Futebol (CBF), Wal-
ter Feldman. O dirigente desta-
cou que o Campeonato Brasilei-
ro pode ter todos os jogos com
portões fechados e ser concluí-
do apenas no começo de 2021.


Segundo ele, a volta do Cam-
peonato Alemão deu esperança
ao futebol mundial e mostrou
uma perspectiva animadora.
“Parar foi necessário e voltar
é possível. Esse é o grande
aprendizado com o retorno do
Alemão. A Alemanha é uma óti-
ma sinalização”, disse Feldman
à Agência Reuters. O Campeo-
nato Alemão retomou as ativi-
dades no fim de semana sob um
rígido protocolo e restrições co-
mo partidas com portões fecha-
dos, medidas de distanciamen-
to social e testes de atletas e pro-
fissionais envolvidos.
O protocolo final de saúde da
CBF, que será enviado aos clu-
bes, está em fase de conclusão,
mas incluirá, segundo o próprio
Feldman, medidas como testes
permanentes para a covid-19,

distanciamento social, medi-
das de higiene, transporte em
veículos particulares dos atle-
tas e partidas com portões fe-
chados. “Podemos ter só jogos

com portões fechados. Em al-
guns países, a epidemia vai e vol-
ta, tem novas ondas. Aglomera-
ções mesmo só com vacina e
controle absoluto”, afirmou.

A perspectiva é de que o fute-
bol nacional seja retomado en-
tre o fim de junho e o início de
julho. “Maio é o período mais
dramático da doença e vamos

ver as portas que vão se abrir em
junho. O aprofundamento da
crise, agora, significa que logo
em seguida deve vir o abranda-
mento”, acredita Feldman.
Na terça-feira, presidentes
de Flamengo e Vasco se reuni-
ram em Brasília com o presiden-
te Jair Bolsonaro para conver-
sar sobre a situação do futebol
brasileiro, parado desde março
e com Estaduais por concluir.
Grandes clubes do Brasil já rei-
niciaram atividades, depois de
um período de treinos remotos.
“O ensaio da perspectiva de trei-
no é um ensaio também para a
volta”, diz Feldman.
Normalmente, o Campeona-
to Brasileiro termina no come-
ço de dezembro, mas, diante do
atraso, usará datas perto do Na-
tal e do ano-novo e pode até só
ser concluído em 2021, afirmou
o dirigente. “É possível que te-
nhamos Natal e ano-novo com
futebol nas datas próximas.”

Daniel Batista
Raul Vitor


O desejo de se tornar profis-
sional de eSports pode ter au-
mentado em algumas pes-
soas durante a quarentena.
Isolados em casa, próximos
aos seus consoles e computa-
dores, os aspirantes a pro pla-
yers têm dedicado mais tem-
po aos games com as modali-
dades tradicionais paralisa-
das por causa da pandemia.

Com o interesse crescente –
levantamento do Twitter apon-
tou aumento de 71% na busca
por eSports em março –, os es-
portes eletrônicos também se
destacam pelas premiações.
Nos eSports, às vezes o valor
das premiações ultrapassa os
pagos por ligas tradicionais, co-
mo a NBA. Em 2019, a liga de
basquete norte-americana pre-
miou os participantes dos
playoffs e das finais com cerca
de US$ 22 milhões (R$ 83 mi-
lhões). Estima-se que a equipe
campeã, o Toronto Raptors, te-
nha embolsado cerca de US$ 3,
milhões (R$ 13 milhões). É a
mesma quantia que o vencedor
da Copa do Mundo de Fortnite
do mesmo ano, Kyle ‘Bugha’, le-
vou individualmente. A Fortni-


te World Cup acumulou US$ 30
milhões (R$ 114 milhões) em
premiações. Isso em um único
evento. Somados os prêmios de
todas as suas 519 competições
ocorridas em 2019 são US$ 82,
milhões (R$ 315 milhões) distri-
buídos aos participantes.
No mesmo ano, League Of Le-
gends acumulou cerca de US$
70 milhões (R$ 266 milhões)
em prêmios, enquanto Couter-
Strike e Global Offensive pagou
US$ 82,7 milhões (R$ 314 mi-
lhões). O jogo que lidera a pre-
miação é DotA 2. Foram US$
216 milhões (R$ 820 milhões)
distribuídos aos competidores
dos seus mais de 1.266 torneios.
Mas o que é preciso para se
tornar praticante de eSports? O
Estadão questionou Eduardo
Pereira, CEO da Detona Ga-
ming, e Lucas Mohamad, mana-
ger da equipe de Rainbow Six
Siege (R6) da MIBR, em busca
de dicas para quem almeja tra-
balhar profissionalmente nos
esportes eletrônicos.

Joystick, mouse, teclado...
Segundo Eduardo, os gamers
precisam analisar as possibilida-
des existentes dentro da plata-
forma. “É preciso estudar quais
são os ecossistemas dentro de
cada eSports. Quais as possibili-
dades em cada campeonato, an-
tes de realizar o investimento
em determinada plataforma.”
Mohamad segue a mesma li-
nha e explica que a plataforma
deve ser escolhida conforme o
jogo em que o atleta irá atuar.
“Se a intenção é se tornar um
pro player, a decisão deve ser
tomada em relação ao jogo. O
cenário competitivo de Free Fi-

re, por exemplo, é voltado para
celulares. Então, não faz senti-
do comprar console ou PC.”

Periféricos
A compra de acessórios tam-
bém depende da escolha do jo-
go, mas isso não é determinan-
te para o desempenho dos com-
petidores. “É importante saber
o perfil do jogo em que o atleta
vai se aperfeiçoar e buscar o me-
lhor acessório para esse tipo de
competição”, explica Eduardo.
Segundo Mohamad, “isso é algo
bem pessoal e, independente-

mente das escolhas, a dedica-
ção deve prevalecer”.

Estudar, treinar e assistir
Ambos acreditam que esse seja
o passo mais importante para
os aspirantes a profissionais.
“Ao estudar, é possível ver al-
gum pixel, posicionamento ou
alguma estratégia que os outros
não viram. Ao assistir, é possí-
vel aprender com os acertos e
os erros dos outros. E não preci-
sa assistir somente aos pro pla-
yers. Existem outros jogadores
fazendo lives que podem ensi-

nar algo que um pró às vezes
nem conhece. Estudar e assistir
aprimoram as análises no jogo,
mas treinar é o que mais faz dife-
rença para o aperfeiçoamento
profissional”, diz Mohamad. “É
muito importante saber estu-
dar o jogo e os outros jogadores,
para que seja possível com-
preender as demais possibilida-
des do game e desenvolver uma
inteligência adicional. Isso é
muito valorizado por organiza-
ções, treinadores e pela equipe
na hora de escolher um novo
player”, afirma Eduardo.

Competir
De acordo com Eduardo, o
CEO da Detona Gaming, a parti-
cipação em competições ama-
doras e semiprofissionais, alia-
da a uma boa construção de ima-
gem, pode ser crucial para o su-
cesso de quem almeja partici-
par de uma grande equipe pro-
fissional de game. Mohamad, o
manager de R6 da MIBR, alerta
que os aspirantes a pro player
não podem ter medo de levar
um “não” como resposta e de-
vem ser insistentes, perseveran-
tes, além de dedicados.

FLAMENGO IGNORA PREFEITO
E FAZ TREINO NO CAMPO

Wilson Baldini Jr.

O


mundo do boxe está
pegando fogo com a
possibilidade de um
retorno aos ringues de Mike
Tyson e Evander Holyfield.
Os dois cinquentões espalha-
ram vídeos nas redes sociais
com treinamentos que entu-
siasmaram os fãs. A ideia é
que os ex-campeões façam lu-
tas-exibição para caridade,
mas muita gente sonha com

um terceiro duelo entre dois
dos mais renomados boxeado-
res das últimas décadas.
Segundo Laercio Bertanha,
professor de Educação Física,
Tyson, com 53 anos, e Holy-
field, com 57, precisariam ter
motivação e demonstrar dedica-
ção nos treinamentos para lu-
tar como profissionais. Da mes-
ma forma, ambos são “pontos
fora da curva”, pessoas espe-
ciais geneticamente e que pos-
suem uma idade fisiológica me-

nor que a idade cronológica.
“Com certeza, ambos têm fisio-
logicamente dez, quinze anos a
menos. Eles têm menos de 40
anos fisiologicamente”, diz.
O avanço da medicina, da fi-
siologia, além do talento e a ex-
periência, são fatores a favor
dos dois ex-campeões mun-
diais dos pesos pesados. “O en-
velhecimento é inerente ao ser
humano. Nós começamos nos-
so processo de envelhecimento
com 28, 30 anos. Perdemos velo-
cidade, potência e resistência,
mas, ao mesmo tempo, eles pos-
suem um histórico de vida es-
portiva que os ajuda. Possuem
capacidade para lutar boxe, nas-
ceram com essa característica,
mas também têm habilidades,
conquistadas em muitos anos
de treino. E isso não se perde.”
O professor comparou o re-
torno dos dois ao de George Fo-

reman, que em 1987, aos 38
anos, voltou aos ringues após
dez anos afastado e aos 45 ga-
nhou pela segunda vez na carrei-
ra o cinturão mundial, em 1994.
“O Foreman não precisou dos
100% de quando era jovem para
ser campeão. Não sei se Tyson
ou Holyfield precisariam de
100% do que foram para serem
campeões na atualidade.”
Durante os vídeos expostos
nas redes sociais, Tyson e Holy-
field sempre aparecem em se-
quências rápidas de ataque,
sem receberem golpes. A inten-
ção é amedrontar os possíveis
rivais e chamar a atenção de em-
presários e canais de televisão.
Os dois duelaram em 1996 e
1997, com vitórias de Holyfield.
A primeira por nocaute técnico
no 11.º assalto e a segunda por
desclassificação, após Tyson
morder uma de suas orelhas.

]Apesar de o prefeito do Rio, Marce-
lo Crivella, ter liberado na terça-feira
a volta apenas para fisioterapia dos
jogadores dos clubes de futebol da

cidade, os atletas do Flamengo treina-
ram na manhã de ontem no gramado
do Ninho do Urubu. Foram 19 os joga-
dores do elenco rubro-negro se exer-
citando em dois campos do CT, auxi-
liados por nove membros da comis-
são técnica.

Futebol brasileiro pode voltar no fim de junho, diz CBF


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


DINHEIRAMA


Esportes eletrônicos. Com atividades tradicionais paradas, jogos podem até se tornar opção profissional; e as premiações são altas


TYSON E HOLYFIELD


SÃO ‘VOVÔS MENINOS’


NOVA REALIDADE

315 milhões
de reais em prêmios pagou a
Fortnite em 519 competições no
ano passado. E pagou mais R$
114 milhões na Copa do Mundo


WILTON JUNIOR / ESTADÃO-5/3/

Interesse por eSports cresce na crise


Mercado em alta. Com número cada vez maior de interessados, os eSports têm visto crescer a quantidade de jogadores

GARY HERSHORN REUTERS-8/11/

Em boa forma

Será? Tyson e Holyfield podem se enfrentar pela 3ª vez

Professor de Educação Física garante que do ponto
de vista fisiológico ambos têm menos de 40 anos

ALEXANDRE VIDAL / CRF-18/5/

Walter Feldman
SECRETÁRIO-GERAL DA CBF

‘Podemos ter
só jogos com
portões fechados.
Aglomerações
mesmo só com
vacina e controle
absoluto’
Vai ser assim. Futebol voltará com arquibancadas vazias

Retomada. Previsão


é do secretário-geral


da entidade, Walter


Feldman, e jogos serão


com portões fechados

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