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A14 Política SÁBADO, 23 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
●Aproximação do governo com Centrão cria novo desenho na Casa
O TAMANHO DE CADA BANCADA NA CÂMARA
FONTE: CÂMARA DOS DEPUTADOS INFOGRÁFICO/ESTADÃO
PROGRESSISTAS
39
PL
39
SDD
14
PTB
12
PSD
36
REPUBLICANOS
32
DEM*
28
PSDB
31
MDB
35
CIDADANIA
8
PT
53
PSB
31
PDT
28
PCdoB
8
PSOL
10
PSL
AVANTE
NOVO
PATRIOTA
PODEMOS
PROS
PSC
PV
REDE
41
7
8
6
11
10
9
4
1
OBS: BANCADAS ATUAIS DOS PARTIDOS, SEM CONTABILIZAR DEPUTADOS LICENCIADOS, MOTIVO PELO QUAL A SOMA NÃO É 513
*O DEM FAZ PARTE DO CENTRÃO E DO NÚCLEO INDEPENDENTE
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Camila Turtelli / BRASÍLIA
A aliança do Centrão com o
presidente Jair Bolsonaro
criou um novo desenho políti-
co na Câmara dos Deputa-
dos. Sem se assumir como ba-
se aliada do governo e distan-
tes da oposição, partidos co-
mo DEM e PSDB se uniram
para defender uma agenda
em comum e também discu-
tem um nome de consenso pa-
ra a sucessão do deputado Ro-
drigo Maia (DEM-RJ) na pre-
sidência da Casa.
Chamado internamente de
“núcleo independente”, o gru-
po informal tem, ainda, a partici-
pação do MDB e do Cidadania e
da parte do PSL, legenda que
abrigou Bolsonaro, mas que
atualmente está rompida com o
presidente. No total, esses parti-
dos reúnem 102 deputados, em-
bora existam entre eles repre-
sentantes governistas.
“Esse grupo independente
acabou se formando de uma
maneira muito natural”, disse
o líder do PSDB na Câmara, de-
putado Carlos Sampaio (SP).
“Dos dez grandes partidos, o
PT é oposição, o PSL está divi-
dido e quatro foram para o go-
verno”, afirmou o tucano. As
legendas citadas por Sampaio
que estão na base do governo
Bolsonaro são o Republicanos,
o Progressistas (antigo PP), o
PL (antigo PR) e o PSD, que,
juntos, reúnem 146 parlamen-
tares.
“Passamos a conversar mais
agora por conta de que existe o
bloco da oposição, o do Cen-
trão e um bloco que tem inde-
pendência das suas posições”,
declarou Sampaio.
Sob pressão de aliados e após
sofrer sucessivas derrotas po-
líticas no ano passado, Bolsona-
ro passou a distribuir cargos no
Executivo aos partidos do Cen-
trão em troca de apoio no Con-
gresso, ressuscitando a velha
prática do “toma lá, dá cá”.
Até agora, Progressistas, Re-
publicanos e PL já foram con-
templados com cargos. O DEM,
embora tenha se unido a este
novo bloco, mantém os pés no
Centrão e também tem indica-
dos em cargos no governo, co-
mo na Fundação Nacional de
Saúde (Funasa).
A ideia deste novo núcleo é se
apresentar como o “fiel da ba-
lança” nas votações da Câmara,
como um “meio-termo” entre
governo e oposição. Na prática,
esta ala sabe que o Palácio do
Planalto precisará do seu apoio,
por exemplo, para aprovar qual-
quer Proposta de Emenda à
Constituição (PEC).
“São partidos que têm uma
identidade mais sólida, que cos-
tumam pensar e votar da mes-
ma forma e, portanto, seguem
alinhados para se posicionar na
votação de projetos atuais e es-
tratégias pensando no futuro”,
disse o líder do DEM na Câma-
ra, deputado Efraim Filho (PB).
A ala não governista do PSL
também dá apoio ao bloco. “O
PSL é um partido absolutamen-
te independente e assim se man-
terá. É importante a união de
outras siglas em torno desse blo-
co independente, a criação de
um núcleo forte que não se do-
bra às constantes tentativas de
interferência do presidente da
República no Parlamento”, afir-
mou a líder do PSL, deputada
Joice Hasselmann (SP). O PSL
elegeu 52 deputados, mas pelo
menos 19 parlamentares são da
ala chamada “bolsonarista”, de
apoio irrestrito ao presidente
da República. Joice é ex-aliada
de Bolsonaro.
Disputa. A formação do nú-
cleo é estratégica também para
a sucessão de Maia no comando
da Câmara dos Deputados. A
eleição da Casa está marcada pa-
ra fevereiro do ano que vem e o
Centrão já vem trabalhando
com possíveis candidatos. O
bloco cogita para a vaga de Maia
o líder do PP, deputado Arthur
Lira (AL), e o deputado e pastor
licenciado da Igreja Universal
do Reino de Deus Marcos Perei-
ra (Republicanos-SP) – os dois
parlamentares podem ter o
apoio de Bolsonaro na disputa.
Vice-presidente da Câmara,
Pereira comanda o Republica-
nos, partido que recentemente
abrigou o senador Flávio Bolso-
naro e o vereador Carlos Bolso-
naro, ambos do Rio.
No novo grupo informal, por
sua vez, um nome que vem ga-
nhando força é o do presidente
do MDB, deputado Baleia Rossi
(SP), mas ainda não há defini-
ção sobre uma candidatura.
Apesar de o MDB ter parlamen-
tares na base do governo Bolso-
naro, Baleia é próximo do presi-
dente da Câmara.
Nem governistas nem de oposição, partidos
formam núcleo para defender pautas comuns
lConvergência
NA WEB
PSDB e
DEM se
unem na
Câmara
Partidos aliados
ignoram covid
nas redes sociais
“Passamos a conversar
mais agora por conta de
que existe o bloco da
oposição, o do Centrão e
um bloco que tem
independência das suas
posições.”
Carlos Sampaio (SP)
LÍDER DO PSDB NA CÂMARA
DOS DEPUTADOS
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Bolsonaro e o
Congresso
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6
Matheus Lara
Os partidos aliados do presiden-
te Jair Bolsonaro e as siglas do
bloco informal conhecido co-
mo Centrão têm evitado se posi-
cionar a respeito de propostas
de combate ao coronavírus em
suas redes sociais e priorizam o
foco na agenda econômica. En-
quanto isso, legendas de oposi-
ção têm usado a pandemia para,
de forma coordenada, defender
o impeachment de Bolsonaro.
Essas são algumas das conclu-
sões de estudo da Transparên-
cia Partidária e da Associação
Brasileira de Jornalismo Inves-
tigativo (Abraji) sobre como os
33 partidos políticos e o Aliança
pelo Brasil, sigla que Bolsonaro
pretende criar, estão se posicio-
nando na internet com relação
à pandemia de covid-19.
Foram coletadas 3.234 publi-
cações das siglas no Facebook
até o dia 17. O estudo leva em
conta posicionamentos das le-
gendas, sem considerar posta-
gens como reproduções de notí-
cias, enquetes e divulgação de
medidas adotadas por filiados
que exercem mandatos.
Entre os partidos do Cen-
trão, o PL deixou o assunto de
lado, enquanto Progressistas e
Solidariedade priorizaram o im-
pacto da pandemia na econo-
mia. O PTB publicou que “preci-
samos de empregos e do funcio-
namento de empresas”.
“É uma postura de evitar a
pauta (coronavírus), evitar en-
trar nessa disputadas de narrati-
vas”, analisa Marcelo Issa, dire-
tor executivo do Transparência
Partidária. Os quatro partidos
que mais publicaram opiniões e
propostas sobre a covid-19, de
acordo com o estudo, foram:
PSOL (45), PSB (42), PCdoB
(36) e PT (28). Eles passaram a
articular um movimento pelo
impeachment de Bolsonaro.