MARCHARUMOÀEXTINÇÃO 49
gada da Primavera e do degelo. O gelo marinho
antárctico é altamente variável, mas há cinco
anos começou subitamente a diminuir, registan-
do um recuo recorde em 2017, segundo um estu-
do publicado no ano passado. O gelo marinho
pode estar em recuperação, mas continua abai-
xo da média de longo prazo e os modelos climá-
ticos prevêem perdas significativas até final do
século se não forem tomadas medidas urgentes
de combate às alterações climáticas.
“Sem uma mudança de paradigma de desen-
volvimento, os pinguins-imperador estão a mar-
char rumo à extinção”, resume Stéphanie Jenou-
vrier, ecologista especializada em aves do Woods
Hole Oceanographic Institution. A investigação
realizada pela sua equipa sugere que, a mante-
rem-se descontroladas as emissões de carbono,
80% das colónias de pinguins-imperador poderão
ter desaparecido até 2100, deixando poucas espe-
ranças à sobrevivência da espécie. Continuando
a evoluir desta maneira, a temperatura média
global terá subido 3 a 5ºC nessa altura, mas se a
subida puder ser mantida abaixo de 1,5ºC, talvez
se percam “só” 20% das colónias, e as populações
do mar de Ross e do mar de Weddell, potenciais
refúgios para os pinguins-imperador, por terem
condições de gelo marinho mais favoráveis, po-
derão aumentar ligeiramente.
COM A PLATAFORMA DE GELO MARINHO sob con-
trolo e os pinguins da baía de Atka instalados, Stefan
Christmann começa a documentar o novo capítulo
do ciclo de vida destas aves. Um elegante processo
de corte desenrola-se enquantoospinguinsesco-
lhem as parceiras para esteano.Segue-seumabreve
e desajeitada cópula. (Continua na pg. 54)