o que o advogado havia dito a ele.
O ex-assessor de Flávio responde:
“Querendo mandar todos para São
Paulo se agente não ganhar (sic).
Aquela conversa de sempre”.
Queiroz se referia ao julgamento no
STF que acabaria autorizando o
compartilhamento de dados do Coaf
em inquéritos criminais e, por tabela,
revogando a suspensão da
investigação do “rachid” na Alerj. As
mensagens indicam que Márcia não
queria se mudar do Rio para Atibaia,
onde estava o marido, mas abria uma
exceção. “Só se estivéssemos com
prisão decretada”, escreveu a mulher
de Queiroz. “Sabe que isso será
impossível né? Mais vamos aguarda
(sic)”, completou. Em seguida,
Queiroz afirma que a possibilidade
de derrota no julgamento do
Supremo era grande e que Wassef
só não queria que ele voltasse para
o Rio. Em entrevistas concedidas nos
últimos meses, tanto Wassef quanto
Flávio afirmaram desconhecer o
paradeiro de Queiroz. Márcia
também teve a prisão decretada pela
Justiça do Rio, mas até a noite de
quinta ainda estava foragida.
Integrante do círculo mais
próximo do clã Bolsonaro, Wassef
costuma dizer que conheceu o
presidente em 2014, quando ele
ainda era deputado federal. Diz ter
pedido para encontrá-lo em Brasília
após assistir a um discurso de
Bolsonaro sobre controle de
natalidade no YouTube. Defensores
de bandeiras semelhantes, como fim
da ideologia de gênero e maior
repressão policial, os dois logo
viraram amigos do peito. No ano
seguinte, Bolsonaro comprou uma
Land Rover por 50 mil reais que
estava em nome de uma empresa
de Cristina Boner, à época mulher
de Wassef. Quando era indagado
sobre o assunto, o advogado
sempre negava qualquer
irregularidade. A quem desconfiava
de que o carro poderia ter sido um
presente para o amigo, ele respondia
ter como demonstrar os pagamentos
feitos por Bolsonaro.
Cristina, a ex-mulher de Wassef,
ganhou fama em Brasília por
representar comercialmente nos
negócios com o poder público a
gigante americana Microsoft, de Bill
Gates. Em 2009, o nome dela foi
envolvido no escândalo do
mensalão do DEM, no governo
José Roberto Arruda. A empresária
foi acusada de pagar propina a
deputados distritais em troca de
contratos com o governo, algo que
ela sempre negou.
No meio jurídico, Wassef já
defendeu alguns empresários
renomados, como Flávio Rocha,
das lojas Riachuelo, e os sócios do
banco BMG, e atuou como
advogado da Fecomércio do Rio, na
gestão de Orlando Diniz, antes de se
dedicar à família Bolsonaro. Preso
pela Lava Jato e réu por corrupção,
Diniz negocia um acordo de delação
premiada com o Ministério Público
Federal no qual o nome de Wassef é
citado como um dos advogados que
teriam prestado serviço para a
Fecomércio. Diniz, porém, não sabe
explicar qual serviço foi esse.
Trata-se de uma suspeita que está
longe de causar ao advogado o
mesmo estrago potencial do caso
Queiroz. O fato de o ex-assessor de
Flávio Bolsonaro ter sido preso em
uma propriedade de Wassef, que
além de advogado formal do senador
se apresenta em Brasília como
defensor do próprio presidente, traz
embute uma pergunta crucial: em que
medida a família do presidente está
ligada à estratégia de esconder
Queiroz para garantir seu silêncio?
Outra questão que agora pode ser
esclarecida diz respeito ao