Banco Central do Brasil
Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Economia
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Mansueto Almeida
sexta-feira (24), é a que causa maior tensão no
Palácio da Alvorada. O executivo faz parte do
chamado “grupo radical” de apoio ao governo e
está ligado a Olavo de Carvalho, o guru
ideológico do presidente da República. Um dia
depois de apresentar sua renúncia, Novaes
concedeu uma entrevista à CNN Brasil na qual
afirmou ter deixado o cargo por “não se adaptar
à cultura de privilégios, compadrio e corrupção
de Brasília.” A fala repercutiu no Congresso.
Pelo menos dois senadores já apresentaram
requerimento para que Novaes explique melhor
as razões de sua saída. Segundo os
parlamentares, há muito a ser esclarecido
sobre a gestão de Novaes.
Do ponto de vista econômico, assessores de
Guedes afirmam que havia expectativa de
resultados mais pujantes na emissão de crédito
mais barato pelo banco, o que teria
desagradado o ministro. Na polêmica reunião
ministerial de 22 de abril, Guedes chegou a
criticar a atuação de Novaes à frente do BB. O
ministro disse que o governo “faz o que quer”
com a Caixa Econômica Federal e o BNDES,
mas no BB “não consegue fazer nada”, mesmo
tendo um “liberal lá”. Nas palavras do ministro,
o Banco do Brasil “não é tatu nem cobra,
porque ele não é privado, nem público”.
Guedes terminou a frase afirmando que “tem
que vender essa porra logo”. Em consonância
com a fala do chefe, Novaes defendeu a
privatização do BB, mas foi repreendido por
Bolsonaro. Para o presidente, “só se fala nisso
em 2023”.
VERBA PARA FAKE NEWS
Meses depois, foi Novaes quem causou
incômodo. No início de julho, ele questionou a
decisão do Tribunal de Contas da União
(TCU) de impedir que o banco faça propaganda
em sites acusados de espalhar fake news.
Após o anúncio da saída de Novaes, o BB
emitiu uma nota informando que a renúncia do
executivo compreende a necessidade de
“renovação para enfrentar os momentos futuros
de muitas inovações no sistema bancário”.
Ainda falta explicar operações como a venda
de uma carteira do banco que tem R$ 2,9
bilhões em dívidas vencidas por apenas R$
371 milhões. Enquanto senadores querem
respostas para as polêmicas envolvendo
Novaes, deputados do centrão já tentam
emplacar um nome para a vaga. Segundo um
assessor próximo a Guedes, contudo, o
ministro não abre mão de um nome técnico
para presidir o BB, que terá papel vital no
período de retomada econômica. Entre os
nomes mais cotados pelo ministro estão Hélio
Magalhães, atual presidente do conselho de
administração do BB, e Pedro Guimarães,
presidente da Caixa.
Sobre a saída de Novaes, Bolsonaro afirmou
apenas que as mudanças fazem parte do jogo,
e que “ele não foi o primeiro, nem será o
último” a sair ou entrar no governo. É verdade.
Caio Megale, ex-diretor de programas da
Secretaria Especial de Fazenda do Ministério
da Economia também pediu demissão. No
início de julho, o então secretário do Tesouro,
Mansueto Almeida, também abandonara o
governo. Ambos alegaram “razões pessoais”.
Antes da debandada de julho, outros nomes
importantes da equipe econômica já haviam
deixado o time de Paulo Guedes, seja por
vontade própria ou por questões puramente
políticas. Esse foi o caso de Joaquim Levy,
demitido da presidência do BNDES pelo
mandatário da Nação, simplesmente porque
havia sido ministro da Fazenda de Dilma
Rousseff. Marcos Cintra, por sua vez, teve de
deixar a Secretaria da Receita Federal após ter
afirmado que a volta da CPMF seria a única
saída para aumentar a arrecadação. Houve,
ainda, os casos de Marcos Troyjo (ex-
secretário de Comércio Exterior) e Rogério