Banco Central do Brasil
Revista Valor Setorial/Nacional - Crédito
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Cédulas
ao modernizar o crédito rural” mas houve um
recuo em virtude dos efeitos da pandemia na
economia. As mudanças virão na esteira de
outra medida importante, a chamada MP do
Agro, convertida em lei em abril, que ampliou o
espaço para a emissão de Cédulas do
Produtor Rural (CPRs), inclusive em dólar
diretamente no exterior.
Para a Safra 2020/2021, o Ministério da
Agricultura anunciou R$ 236,3 bilhões para o
crédito rural, uma expansão de 6,1% sobre a
safra anterior. Só para custeio e
comercialização serão R$ 179,8 bilhões
(avanço de 5,9%); os outros R$ 56,92 bilhões
são destinados a investimentos em
infraestrutura. São R$ 33 bilhões para a
agricultura familiar (Pronaf), R$ 33,1 bilhões
para os médios agricultores (Pronamp) e R$
170,17 bilhões para os grandes. Estes recursos
são a parcela obrigatória que bancos destinam
ao crédito rural - 30% dos depósitos à vista-e
têm juros predefinidos. Para os grandes
agricultores, o teto caiu de 8% para 6%, no
Pronaf ficou entre 2,75% e 4% ao ano e no
Pronamp, em 5%.
Na visão de executivos do setor, a pandemia
apenas adiou algo que será inevitável dadas as
novas condições de mercado. “Hoje, o Plano
Safra é mais complexo do que necessário e
deve focar na agricultura familiar e no médio
agricultor. O governo fala isto há tempos”, diz
Carlos Aguiar, diretor de agronegócio do
Santander, que remodelou sua atuação no
setor em 2015, quando operava apenas com
recursos obrigatórios. A carteira de crédito
ampliada passou em cinco anos de R$ 6
bilhões para RS 21,5 bilhões, agora com dois
terços de recursos a juros livres.
Aguiar acredita que os bancos privados
cheguem a responder por 50% do crédito rural,
percentual que hoje é de 30%. Até o fim do
ano, a expectativa é que a carteira do
Santander cresça 20%, a RS 24,5 bilhões. Sua
participação no financiamento ao agronegócio
saiu de 2,33% em 2015 para 6,40% em abril.
Com R$ 32,5 bilhões alocados no crédito
agrícola, o Bradesco segue na liderança entre
os bancos privados como financiador. Nos
últimos 12 meses, o banco colocou em
operação 14 plataformas do agronegócio e a
carteira cresceu 35%. “Ganhamos participação
nos próprios clientes, o que é muito importante,
já que é comum um grande produtor tomar
crédito em vários bancos”, explica Roberto
França, diretor de agronegócio do Bradesco. A
Lei do Agro é vista como benéfica para a meta
do banco de assegurar que pelo menos 50%
do crédito de cada cliente seja contratado no
Bradesco. A nova legislação permite que o
agricultor fracione a propriedade para dar em
garantia aos diversos credores. Sobre o custo
do financiamento bancário, com recursos livres,
o executivo diz que “os juros estão caindo e em
95% das operações ficam abaixo de 9%”.
Para a safra 2020/2021, França acredita que a
carteira deve crescer 10%. Mais de 29% do
crédito livre do banco utiliza a emissão de
CPRs, que permanecem na Tesouraria. “Um
terço das CPRs no mercado, dos R$ 30 bilhões
que existem segundo dados da Febraban, está
no Bradesco”, comenta. Para ele, com a Lei do
Agro, fintechs e outros investidores também
podem financiar o setor utilizando CPRs, mas a
um custo maior. “Hoje tem CPRs de até dois
anos com juro entre 7,5% e 9,5%. Quem for
securitizar cobrará um pouco mais, porque há
outros agentes na cadeia a serem
remunerados.”
A Lei do Agro também é elogiada pelo diretor
de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes,
ao observar que os efeitos devem ser sentidos
apenas a partir cio a no que vem. “Há