VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - ANO 1 - Nº 1

(MARINA MARINO) #1
Seprocuravaconteúdoparaasaulas,rimas,
ortografia,produçãodetexto,Cecília estava
lá.Perfeita,completa.
Apoesia dabailarinaé sobretudomágica.
Vocêencontraatéobalanço,omovimentoda
dançaemmeioaquelaspalavrasésilêncios.
Mas foi bem mais tarde, que a descobri
vivendoaEternidadeentrenós.
A maior poetiza brasileira foi também a
primeira voz feminina a bradar no meio
literário brasileiro sua expressão. Seus
poemasnão poderiam ser classificados em
nenhum movimento da época, porque
mostravamointerno,oqueaconteciadentro
de si mesma, a transformação da menina
órfãcriadapelaavóemaquelaquecolocaem
palavras a transitoriedade do tempo, a
dissoluçãodoefêmero,oreconhecimentode
simesma,avivênciapeloCoração.
Cecília Meireles, a Cecília, aquela que
escrevia com o lápis do Amor o que trazia
dentrodesieoqueviadomundo,ficaaqui
minhahomenagem.
MarinaMarino

A bailarina

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos
no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as
danças,
e também quer dormir como as
outras crianças.

Ou isto ou aquilo foi meu livro de
cabeceirapormuitotempo.LerCecíliame
faziabem.Liaparameusfilhos.Liaparaos
alunos.

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