Kolkata
(Calcutá)Dhuburi6 Março, 2019
LooksanGauripurVaranasiTis
taGangesGanges(Ganga)Br
amaputraSonBaíade
BengalaG a n g e s
NAGALAND
SIKKIMJHARKHANDMEGHALAYAMANIPURTRIPURA
MIZORAMBENGALA
OCIDENTALBIHARASSAMlhares de milhões de espigas de trigo maduras do
Punjab contém uma gota da bacia hidrográfi ca
do Indo sob a forma atomizada.
A Índia foi um dos primeiros guerreiros da
revolução verde. Sementes de alto rendimento,
adubos e pesticidas, tractores e bombas de água
motorizadas aumentaram consideravelmente
o rendimento das colheitas desde a década de- A Índia alimenta-se bem actualmente. Os
seus agricultores vendem ao mundo torrentes
de cereais e frutos. No entanto, esta fabulosa vi-
tória contra a fome teve um preço alto. Produtos
químicos agrícolas poluem os aquíferos do Indo,
contribuindo possivelmente para o aparecimen-
to de surtos de doenças como o cancro. E a conta
chegou com os devidos juros por todas as décadas
de colheitas insustentáveis: uma perda avassala-
dora de quantidades fi nitas de água subterrânea.
A agricultura é incerta no Punjab. Há milhões de
pessoas em fuga, emigrando para o Médio Orien-
te e para a América do Norte.
“É difícil não nos sentirmos esmagados”, grita
Arati Kumar-Rao numa estrada junto de um ca-
nal, enquanto os tractores chiam e puxam sacas
de palha do tamanho de casas.
Junto-me a Arati Kumar-Rao, uma fotógrafa
ambiental, caminhando lentamente por estra-
das secundárias a sul de Amritsar. Cinco grandes
afl uentes do Indo serpenteiam pelo Noroeste da
Índia. Procuramos o Beas. Não tardamos a per-
der-nos. Damos por nós à deriva num labirinto
de agricultura industrial.
Cada dia é uma fornalha. Suamos em intermi-
náveis quadrângulos escaldantes de trigo. Pas-
samos por templos sikh, coroados com cúpulas
brancas, onde voluntários oferecem refeições
simples à base de dal e arroz a todos os transeun-
tes. Esquivamo-nos a frotas de tractores ruidosos
que projectam música pop punjabi para o céu
através de colunas presas à cadeira do condutor.
Porquê? É impossível dizer.
Depois, lentamente, percebo. Já encontrámos
o Indo! Há dias que estamos a caminhar junto da
presença difusa do rio. As suas correntes foram
desviadas, sangradas, canalizadas, dissemina-
das, divididas em inúmeros canais, canos, repre-
sas e valas. Este sistema capilar criado pela mão
humana tornou os ancestrais canais verdes dos
afl uentes do Indo praticamente irrelevantes en-
quanto entidades geográfi cas. Cada um dos mi-SOBRELOTADA E VULNERÁVEL
Mais de quatrocentos milhões de pessoas vivem na
planície do Ganges, onde grandes rios como o
Ganges, o Yamuna e o Ghaghara são alimentados
por afluentes vindos dos Himalaia. Variações
sazonais na neve e na água do degelo, juntamente
com monções imprevisíveis, tornam a região
perigosamente susceptível a cheias e secas.