Banco Central do Brasil
Valor Econômico/Nacional - Finanças
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Centralcomeça a se animar, que o Tesouro tente não
deixar o perfil da dívida se deteriorar a um
ponto muito significativo, mas quem determina
isso é o fundamento fiscal. O Tesouro
consegue, nos momentos em que o mercado
está mais confiante, estender um pouco mais a
‘duration’ dos papéis, mas fazer isso de
maneira consistente depende de como a
questão fiscal vai evoluir.
Valor: O investidor estrangeiro tem deixado o
Brasil de lado por causa da questão fiscal?
Akira: O estrangeiro está sumido, mas não é de
agora. A queda de participação do investidor
estrangeiro, por exemplo, na dívida pública
vem desde o período da recessão, das
pedaladas fiscais, e tem a ver com essa noção
de sustentabilidade fiscal. A grande vantagem
de atrair estrangeiros para comprar a sua
dívida pública e financiar um país emergente
como o Brasil está no fato de eles se
posicionarem na parte mais longa da curva de
juros. Eles dão mais estabilidade e,
geralmente, não giram muito essas posições.
Por outro lado, eles exigem uma previsibilidade
maior em relação às questões fiscais e é por
isso que eles vêm abandonando e reduzindo
gradualmente a participação na dívida pública,
mas de maneira bem consistente e isso tem
aumentado ao longo dos últimos meses. E, nos
outros mercados, existem, ainda, fatores mais
diversificados, como a questão ambiental e a
situação política, que também afetam a
participação estrangeira.
Valor: O investidor estrangeiro deve demorar
para voltar?
Akira: Acho que sim. Mesmo reconhecendo
uma sequência de notícias de curto prazo
quanto a crescimento, inflação e melhora no
debate político e de reformas, o investidor
estrangeiro só vai voltar quando as questões
de médio e longo prazo ficarem mais claras.
Isso envolve uma definição em relação ao teto
de gastos, a avaliação sobre como o Brasil vai
lidar para reverter os estímulos que foram
concedidos e o destino da reforma tributária.
Esses debates e a evolução deles vão
determinar se o estrangeiro vai, de fato, voltar.“Mercado não contempla risco de quebra do
teto de gastos ou de uma mudança estrutural
mais forte no fiscal”Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central -
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