Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - FMI
Explosão em Beirute prova que não
existe crise que não possa se agravar
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Destruição do porto e pandemia formam
tempestade perfeita sobre um Líbano à beira do
colapso
A violenta explosão que na terça-feira destruiu o
porto de Beirute, no Líbano, foi uma catástrofe.
Matou pelo menos 135 pessoas, deixou mais de
5 mil feridos, vários desaparecidos, e a onda de
choque destruiu ou danificou imóveis na região
portuária e no centro da cidade. Até ontem não
havia sinal de que se tratasse de atentado,
como os cometidos no país no enfrentamento
quase constante entre grupos sectários na luta
pelo poder. Mas vai muito além o rastro de
ruínas deixado pelas 2.750 toneladas de nitrato
de amônio que foram pelos ares.
Usada em fertilizantes e também em explosivos,
a substância entrou em combustão no local de
sua armazenagem e destruiu os silos que
estocam no porto a maior parte dos grãos que o
Líbano importa (o país compra no exterior
praticamente todo o alimento que consome).
Não haverá como evitar o aumento no preço
dos produtos derivados dos cereais, num
momento em que o Líbano já enfrenta a maior
crise econômica e social da história recente,
agravada pelo lockdown imposto para conter a
epidemia da Covid-19. Pandemia e explosão
formam uma tempestade perfeita no país
outrora conhecido como "a Suíça do Oriente
Médio".
Conduzido por governos ineficientes, o Líbano
gasta mais do que arrecada, manteve uma taxa
de câmbio irreal, supervalorizada, porque
importa produtos essenciais, e uma taxa de
juros elevada para atrair divisas. A fórmula é
suicida. Em relação a outubro do ano passado,
a lira perdeu cerca de 80% do valor. No final de
março, pela primeira vez o país não pagou
compromissos com credores externos - deu um
calote de US$ 1,2 bilhão em Eurobonds.
Nessas circunstâncias, em que a inflação
destrói a moeda local, a classe média libanesa,