atingiram eficazmente os seus objetivos”. Elas haviam aumentado “a capacidade de segurança
interna” e estabelecido “o predomínio da influência militar norte-americana”. Os militares latino-
americanos compreendem as suas tarefas e estão preparados para cumpri-las, graças aos
programas de ajuda e treinamento militar do governo Kennedy. Essas tarefas incluem a derrubada
de governos civis “sempre que os militares considerarem a ação dos governantes nociva à
prosperidade da nação”. Tais ações militares são necessárias “no ambiente culturallatino-
americano”, explicaram os intelectuais de Kennedy. E podemos estar seguros de que essas ações
serão executadas de modo apropriado, agora que os militares “compreendem e se orientam para os
objetivos dos Estados Unidos”. Isso garante um resultado positivo na “luta revolucionária pelo
poder entre os principais grupos constitutivos da atual estrutura de classe” na América Latina,
resultado que protegerá o “investimento privado [e o comércio] norte-americano”, “fundamento
econômico” que é a essência do “interesse político dos Estados Unidos na América Latina”.
Esses são documentos secretos: no caso, do liberalismo de Kennedy. O discurso público,
claro, é totalmente diverso. Limitando-nos a ele, aprendemos muito pouco sobre o verdadeiro
significado da “democracia” e sobre a ordem global dos anos passados; e do futuro também, porque
são as mesmas mãos que continuam segurando as rédeas.
Os estudos mais sérios não deixam margem a dúvidas sobre os fatos básicos. Os Estados de
Segurança Nacional, instalados e apoiados pelos Estados Unidos são discutidos num importante
livro de Lars Schoultz, um dos maiores especialistas em América Latina. O objetivo desses Estados,
nas palavras de Schoultz, era “a destruição permanente de uma ameaça percebida à estrutura
existente de privilégios socioeconômicos, por meio da eliminação da participação política da
maioria”, a “grande fera” de Hamilton. Na sociedade norte-americana, o objetivo é basicamente o
mesmo, embora os meios sejam diferentes.
O padrão continua o mesmo. A campeã de violações aos direitos humanos no hemisfério é a
Colômbia, também o país que mais tem recebido assistência e treinamento militar norte-americano
nos últimos anos. O pretexto é a “guerra contra as drogas”, um “mito”, segundo relatam
constantemente os principais grupos de defesa dos direitos humanos, a igreja e outras instituições
que investigam a espantosa crônica de atrocidades e os estreitos vínculos existentes entre
narcotraficantes, latifundiários, militares e seus sócios paramilitares. O terror estatal devastou as
organizações populares e praticamente destruiu o único partido político independente por meio do
assassinato de milhares de ativistas, dentre os quais candidatos à presidência, prefeitos e outros
mais. Não obstante, a Colômbia é aclamada como uma democracia estável, revelando uma vez mais
o que se entende por “democracia”.
Um exemplo particularmente instrutivo foi a reação à primeira experiência democrática na
Guatemala. Nesse caso, os registros secretos estão parcialmente disponíveis, donde sabemos
muitas coisas sobre o pensamento que orientou a formulação de políticas. Em 1952, a CIA advertiu
que as políticas “nacionalistas e radicais” do governo haviam conquistado “apoio ou anuência da
grande maioria dos guatemaltecos”. O governo estava “mobilizando os camponeses, até então
politicamente passivos”, e criando “apoio de massa para o atual regime” por meio das organizações
de trabalhadores, da reforma agrária e de outras políticas “identificadas com a revolução de 1944”,
que havia gerado “um poderoso movimento nacional para libertar a Guatemala da ditadura militar,
do atraso social e do ‘colofiialismo econômico’ que eram a tônica do passado”. As políticas do
governo democrático “inspiraram a lealdade e se harmonizaram com os interesses de uma grande
mariadeathaydes
(mariadeathaydes)
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