148 / A loucura da razão econômica
mais para construir ferrovias, canais, aquedutos, telégrafos etc. que para produzir
maquinaria”32. M as, para que isso ocorra, o capital precisa ser reunido em concen
trações de poder monetário. Antes do advento das empresas de capital aberto e
da organização do setor financeiro em grandes conglomerados de capital-dinheiro
centralizado, investimentos de grande porte tendiam a ser canalizados por meio
do aparato estatal. N os tem pos atuais, é mais provável que consórcios de bancos
privados ou parcerias público-privadas conduzam esses processos. Todavia, a co
nexão interna entre instituições (como fundos de pensão) que organizam a circu
lação de capital portador de juros e a formação de capital fixo torna-se mais forte
e mais com plexa com o passar do tempo.
Essa tendência é ainda m ais evidente quando consideramos certas formas espe
ciais de capital fixo. U m a parte cada vez mais importante do capital fixo é do tipo
“autônomo”. Infraestruturas físicas usufruídas em com um (algumas com caráter
de bens públicos) são cruciais como valores de uso para as formas capitalistas de
desenvolvimento. Muitas dessas infraestruturas (como casas, escolas, hospitais e
shopping centers) são usadas para consumo, e não para produção, enquanto outras
(como ferrovias e rodovias) podem ser usadas para ambas as finalidades. M arx
considera brevemente as relações entre investimentos em capital fixo para produ
ção e investimentos para o fundo de consumo. Evidentemente, nos tempos atuais,
no mundo capitalista avançado, essa segunda modalidade de investimentos tem
grande importância.
M arx também insiste que não devemos confundir capital fixo com capital im ó
vel (como um a m ina de carvão), ainda que este último seja por si só um a categoria
muito importante:
Uma parte dos meios de trabalho [...] é ou“ímobilizada num determinado local, táo
logo entra no processo de produção — ou seja, é preparada para sua função produtiva,
tal como ocorre, por exemplo, com a maquinaria - , ou é produzida desde o início
em sua forma imóvel, espacialmente fixa, tal como melhorias do solo, edifícios fabris,
altos-fornos, canais, ferrovias etc. [...] No entanto, a circunstância de que os meios de
trabalho sejam espacialmente fixos, enraizados na terra, confere a essa parte do capital
fixo um papel especial na economia das nações. Eles não podem ser mandados ao ex
terior, para circular como mercadorias no mercado mundial. Os títulos de propriedade
sobre esse capital fixo podem ser trocados, permitindo a esse capital ser comprado e
vendido e, nessa medida, circular idealmente. Tais títulos de propriedades podem até
mesmo circular em mercados estrangeiros, por exemplo, na forma de ações. Mas com
a mudança das-pessoas que detêm a propriedade desse tipo de capital fixo não se altera
32 Ibidem, p. 590.