A loucura da razão econônica- David Harvey

(mariadeathaydes) #1

52 / A loucura da razão econômica


npresas alemãs fazem com a Polônia18. Algum benefício é revertido para o México
a Polônia, mas boa parte do valor é capturado pelas empresas nos Estados Unidos
u na Alemanha, mesmo que os trabalhadores nos Estados Unidos e na Alemanha
:nham de enfrentar uma concorrência muito mais ferrenha por parte de traba-
tadores estrangeiros e não tenham nada a ganhar com essa reorganização (exceto;
ilvez, na forma de bens de consumo mais baratos). M as a organização é regional
o sentido de que a relação transnacional se dá geralmente entre Estados próximos,
e modo que organizações como N afta e Zona Euro se tornam um a form a institu-
onal de expressão no espaço absoluto buscando enquadrar os espaços-tempos rela-
vos das cadeias globais de valor em movimento. B oa parte do chamado comércio
lobal transnacional é efetivamente regional (como o comércio da China no Leste
Sudeste asiáticos ou o comércio da Inglaterra na Europa). É dessa form a que â
solução da tecnologia enquanto negócio se torna um agente ativo na definição e no
m odelam ento de regimes de valor regionais em perpétua evolução.
Isso nos conduz a um a brevíssima consideração acerca do papel desempenhado
a configuração geográfica dos regimes de valor pelo que até agora temos denomin­
ado “dádivas gratuitas” da natureza e da natureza humana. Tais dádivas gratuitas
lo valores de uso que podem ser apropriados pelo capital sem nenhum custo (ou
)m um custo mínimo) e, portanto, podem contribuir para a produção de mais-
ralor. Essas dádivas gratuitas não são distribuídas uniformemente pela superfície
:rrestre. Altas concentrações dos chamados recursos naturais, assim como aglo-
lerações de populações com determinadas características culturais, habilidades,
rranjos culturais e aptidões passíveis de serem incorporadas às dinâmicas de va-
irização, realização e distribuição de capital, criam um mundo de vantagens geo-
ráficas diferenciais para a acumulação de capital. O mosaico de regimes de valor
:gionais se apoiou desde sempre na proliferação, na preservação e, em alguns ca-



s, até mesmo na criação ativa de tradições, hábitos e preferências culturais locais,
)s quais as populações subscrevem e aderem, m esmo sem a inovação do poder
mitas vezes acachapante dos sentimentos nacionalistas. E aqui que a definição
s valor do capital se confronta e, em certos aspectos, se mistura a idéias mais tra­
icionáis de valor como articuladas pela ética, religião, cultura ou herança étnica,
As dádivas gratuitas da natureza e da natureza hum ana não são constantes,
•ependem da avaliação capitalista dos potenciais valores de uso oferecidos. O s
ocursos naturais” não são naturais, e sim avaliações econômicas, técnicas, sociais
culturais dos elementos disponíveis na natureza. D urante certo tempo, o acesso
energia hidráulica era importante, mas o advento da máquina a vapor liberou



Richard Baldwin, The Great Convergence: Information Technology and the New Globalisation (Cam-
hriHo-f». RelWnan. ?.O lí^
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