9- A LOUCURA DA RAZÃO ECONOMICA
Q uando um a mercadoria, que é portadora de valor, é finalmente consumida, ela
sai da circulação. Portanto, “deixa de ser m om ento do processo econômico”. M as
esse desaparecimento depende da conversão prévia do valor da mercadoria à for-
ma-dinheiro, e o dinheiro possui a capacidade de permanecer perpetuamente em
circulação. Q uando se trata do dinheiro, todavia, “devém loucura; a loucura, en
tretanto, como um m om ento da economia e determinante da vida prática dos
povos” 1. A vida cotidiana torna-se refém da loucura do dinheiro. M as em que
reside essa loucura?
D o ponto de vista das mercadorias, “seu valor de troca só tem interesse tempo
rário” , na medida em que o objetivo imediato da produção de mercadorias é satis
fazer as necessidades sociais. Em um m undo de trocas, o dinheiro simplesmente
facilita as permutas. M as, no mundo do capital e da produção de mais-valor, o di
nheiro assume um caráter bastante diferente. Aqui, o valor “só se conserva precisa
mente pelo fato de que tende continuamente para além de seu limite quantitativo
[...]. O enriquecimento é, assim, um a finalidade em si. A atividade determinante
da finalidade do capital só pode ser o enriquecimento, i.e., a expansão, o aumento
de si mesmo”. O dinheiro, na medida em que opera com o m edida de riqueza,
precisa igualmente se investir no “impulso permanente de continuar para além de
seu limite quantitativo: um processo infindável. A sua própria vitalidade consiste
exclusivamente em que só se conserva com o valor de troca diferindo do valor de uso
e valendo por si à m edida que se m ultiplica continuamente. E isso o que distingue
o dinheiro sob regime capitalista de todas as suas diversas formas pré-capitalistas.