A loucura da razão econômica / 175
O dinheiro é um a reivindicação individualizada sobre o trabalho social dos outros,
exatamente da m esm a maneira que a dívida constitui um a reivindicação sobre o
trabalho futuro dos outros. O dinheiro confere a seu possuidor “o poder universal
sobre a sociedade, sobre o inteiro m undo dos prazeres, dos trabalhos etc.” 12. D o
tempo de M arx para cá, ampliou-se enormemente o hiato entre a proliferação
dessas reivindicações e a base de valor na qual elas supostamente estão lastreadas.
H oje, se todos se dirigissem aos bancos para sacar em espécie o equivalente de seus
depósitos, levaria meses, se não anos, até que se conseguisse imprimir as notas
necessárias. Todos os dias, 2 trilhões de dólares trocam de mãos nos mercados de
comércio exterior.
Bilhões (U S$)
70.000 ...................................................................................................................................................................
Figura 4. C rescim ento da dívida pública, corporativa e privada nos Estados Unidos (Federal
Reserve Bank o f St Louis).
Mas essa é apenas a ponta de um iceberg de fenômenos no mundo financeiro.
O s fluxos de dinheiro de crédito, aquela forma de antivalor que o próprio capital
cria, cresceram enormemente desde a década de 1970 (Figura 4 )13. A princípio es
ses fluxos lubrificam as atividades no próprio^ campo da distribuição. Este último,
porém, aparece cada vez mais como um buraco negro que engole uma massa de
valor em nome do resgate de dívidas, sem nenhuma garantia de que ressurgirá. A
prática de empréstimos interbancários está mais em alta do que nunca, assim como
os intercâmbios entre instituições financeiras e bancos centrais. H á muito tempo os
12 Karl Marx, Grundrisse, cit., p. 165.
13 Federal Reserve Bank o f St Louis, Economic Reports.