202 / A loucura da razão econômica
sem ipatológicas, que se deve encaminhar com um estremecimento aos especialistas
em doenças mentais. Serem os finalmente livres para nos desfazer de todos os tipos
de costum es sociais e práticas econômicas que afetam a distribuição de riqueza e de
recom pensas e penalidades econôm icas, e que hoje conservamos a todo custo, por
m ais repugnantes e injustas que sejam, porque são tremendamente úteis à prom oção
d a acum ulação do capital.56
O fato de a riqueza humana, que deveria ter toda sorte de significados sociais,
estar cada vez mais aprisionada na métrica única do poder monetário é por si só
problemático.
D e fato, porém, se despojada da estreita form a burguesa, o que é a riqueza senão a
universalidade das necessidades, capacidades, fruições, forças produtivas etc. dos indi-
víduos, gerada pela troca universal? [...] [O que é senão a] elaboração absoluta de seus
talentos criativos, sem qualquer outro pressuposto além do desenvolvimento histórico
precedente [...]? [O que é senão um desenvolvimento] em que o ser hum ano não se
reproduz em um a determinabilidade, mas produz sua totalidade? E m que não procura
permanecer com o algum a coisa que deveio, m as é no movimento absoluto do devir? N a
econom ia burguesa — e na época de produção que lhe corresponde —, essa exteriorização
total do conteúdo hum ano aparece com o com pleto esvaziamento; essa objetivação uni
versal, com o estranhamento total, e a desintegração de todas as finalidades unilaterais
determinadas, com o sacrifício do fim em si m esmo a um fim totalmente exterior.57
É isso o que “desafia toda fantasia”. Esse é o mundo insano e profundamente
preocupante em que vivemos.
56 John Maynard Keynes, Essays in Persuasión (Nova York, Classic House Books, 2009), p. 199.
57 Karl Marx, Grundrisse, cit., p. 399-400.