Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais Nacionais

Hábeis, os investigadores apresentavam
sucessão de provas, como dados de contas
nos exterior, informações de firmas de fachada
e movimentações financeiras suspeitas,
reduzindo a margem a contestações.


Mas permaneceram sem julgamento à época
na corte dúvidas em procedimentos da
investigação, muitos deles fruto de inovações
abraçadas pela força-tarefa, como as delações
premiadas. O rito dos acordos de colaboração
até hoje ainda gera debate no meio jurídico.


O ano de 2017, que começou com morte de
Teori Zavascki em acidente aéreo, parece ter
marcado uma mudança de ares.


Alguns episódios alimentaram críticas sobre os
efeitos do "lavajatismo" sobre a Justiça, como a
tumultuada delação da JBS, fechada pelo
então procurador-geral Rodrigo Janot, e as
controversas operações Carne Fraca (contra
frigoríficos) e Ouvidos Moucos (que prendeu o
reitor da Universidade Federal de Santa
Catarina, que posteriormente se suicidou),
ambas comandadas por delegados com
serviços prestados ao time de Curitiba.


Em 2018, houve a primeira grande derrota no
Supremo, com a proibição pela corte das
conduções coercitivas (quando um suspeito era
levado para depor), uma das marcas da Lava
Jato.


Também naquele ano, a ida de Moro para a
equipe de Jair Bolsonaro acabou abalando a
credibilidade da operação.


No ano passado, o Supremo decidiu enviar
para a Justiça Eleitoral casos de corrupção


com conexões com crimes eleitorais,
esvaziando os trabalhos da força-tarefa, e criou
um novo entendimento sobre a ordem de fala
de delatores e delatados, pondo em risco de
revisão sentenças expedidas anos atrás.

Fortaleceu essa tendência de "freio de
arrumação" a revelação pelo site The Intercept
Brasil de conversas no aplicativo Telegram que
mostraram colaboração entre Moro e o
coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol,
nas atividades da operação.

As mensagens no Telegram farão parte de
outro julgamento, ainda sem data marcada, que
pode ser o marco da revisão dos trabalhos de
Curitiba: o da análise sobre a imparcialidade de
Moro como juiz responsável pelas ações contra
Lula.

Caso a Segunda Turma da corte concorde com
os argumentos da defesa, as condenações no
caso tríplex de Guarujá e do sítio de Atibaia
serão anuladas, e o petista deixará de ser
ficha-suja.

Como Lewandowski e Gilmar Mendes já
sinalizaram que concordam com a tese, faltará
um voto para formar maioria a favor do ex-
presidente. A expectativa é pelo
posicionamento do ministro Celso de Mello, já
que outros dois juízes do grupo, Cármen Lúcia
e Edson Fachin, votaram contra a
argumentação de Lula em 2018.

As rusgas recentes entre a força-tarefa de
Curitiba e o procurador-geral Augusto Aras,
chefe do Ministério Público Federal, reforçaram
a propensão ao isolamento e a perspectiva
negativa para os próximos passos da operação
que chegou apautar a agenda do Judiciário do
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