Domingo
02 agosto
2020
Barba e cabelo Por LU ÍS A FO NSO
MEMBRO HONORÁRIO DA ORDEM DO INFANTE D. HENRIQUE
- MEDALHA DE MÉRITO DESPORTIVO
C
HEGOU finalmente ao fim a atí-
pica época 2019/2020. Terminou
com o FC Porto a conquistar, em
Coimbra, uma dobradinha que, bem
vistas as coisas, se anunciava tendo
em conta a superioridade evidenciada
pelos dragões desde o início do ano —
e não, apenas, depois da retoma, ape-
sar da paragem motivada pela pande-
mia quase nos fazer esquecer que a
queda do Benfica dura há bem mais do
que dois meses. Se dúvidas houves-
se sobre as razões que fizeram do FC
Porto campeão nacional, elas ficaram
desfeitas ontem na final da Taça de
Portugal, que ganhou — e ganhou bem
— apesar de ter ficado com menos um
aos 38 minutos. É, esta, uma equipa
que não se encolhe perante a adversi-
dade. Que, ao invés, faz uso da raça (há
quem lhe chame mística) para superar
as dificuldades. Do outro lado um Ben-
fica que, como vinha mostrando des-
de o início de 2020, é incapaz de rea-
gir ao mínimo sopro contrário e, pior,
não tem sequer argumentos para apro-
veitar as oportunidades nem quando
elas (como ontem na expulsão de Luis
Díaz quando o dragão era claramente
superior) lhe caem do céu. É, talvez,
uma questão cultural que ajudará a ex-
plicar o sucesso do FC Porto nas últi-
mas décadas e à qual, por mais dinhei-
ro que gaste, o Benfica parece, afinal,
não conseguir dar a volta.
Há, depois, neste Benfica um pro-
blema difícil de compreender, tendo em
conta o investimento feito esta época:
um plantel com pouca qualidade. Sim,
haverá jogadores que renderão mais
noutras circunstâncias, mas há muitos
que, com Jesus, terão grandes dificul-
dades para ficar, sequer, no plantel. Re-
volução? Claro. Nem é preciso ser Je-
sus para saber que é inevitável...
FC Porto,
pois claro
Editorial
Por
RICARDO QUARESMA
Carlitos quer ser
presidente do Gil Vicente
Antigo extremo já reúne apoios e atrai investidores para daqui a dois
anos dSem objeções à atual liderança, quer concretizar um sonho
A
OS 43 anos, empresá-
rio bem sucedido na
restauração, Carlitos já
determinou o seu pró-
ximo passo no futebol,
sentindo-se motivado para ser
presidente do Gil Vicente, o clu-
be pelo qual se projetou no fute-
bol nacional, revestindo-se de
um dos maiores e mais precoces
talentos da história dos barce-
lenses, saindo muito novo para o
Benfica. O antigo extremo não
tem nada concreto contra quem
conduz os destinos do clube mas
quer abraçar aquele que foi o seu
sonho, aquele que foi o seu des-
pertar mais bonito há uns tempos.
«Estou a preparar-me. Nada
me move contra o Francisco Dias,
que até foi meu presidente. É tudo
um sonho e um sonho que que-
ro atacar desde já, mesmo fal-
tando dois anos. É uma coisa sé-
ria. Gosto muito do clube e
aprendi muito com vários pre-
sidentes. Sinto que tenho capa-
cidade para fazer um bom tra-
balho, dar dinâmica e uma nova
mentalidade», explica, clarifi-
cando uma entrada em cena pa-
cífica. «Não digo que quem lá
está não tenha essas capacida-
des. Não está relacionado com
ele, é apenas o bichinho que sem-
pre alimentei. Preciso de alguma
sorte. Ele tem feito um trabalho
muito bom, não vou dizer que
vou fazer mais, mas eu também
posso ajudar, posso fazer algo
diferente. Posso formar uma boa
equipa, um clube estável e criar
condições», avisa, desejoso de
arregimentar apoios.
«Existiu uma situação mal
contada, uma confusão quando
fui para o Belenenses. Mas isso
também será novamente escla-
recido. Sei que os sócios do Gil
Vicente vão perceber e distinguir
as coisas. As pessoas de Barcelos
têm estima por mim, sabem que
sempre dei o máximo. Não tenho
dúvidas de que vou conseguir o
apoio delas», garante, dando pis-
tas dos seus cavalos de batalha.
«O desafio partiu de uns ami-
gos meus, que sabiam desta mi-
nha ideia. Já tenho uns investi-
dores apalavrados e quero
dinamizar a formação. Estou cer-
to que os clubes num futuro não
foi muito longínquo vão depen-
der unicamente da sua forma-
ção», nota Carlitos, não se ne-
gando a medir as fasquias para o
futebol profissional.
«No fundo quero que o Gil Vi-
cente lute por mais que a manu-
tenção com os pés bem assentes
na terra. Não quero criar falsas
ilusões, será um clube estável
mas que todos os anos preten-
derá mais», declara, antes de
uma leitura da época que findou
e do futuro que se avizinha... sem
Vítor Oliveira.
«A época foi muito boa, tenho de
elogiar o trabalho do presidente e do
treinador, que fez um trabalho fan-
tástico, reunindo um grupo de jo-
gadores muito bons. O Gil Vicente
esteve perfeitamente à altura. Mas
acho que a próxima época será mui-
to mais difícil, vão sair muitos jo-
gadores e os problemas vão-se acu-
mular. Saiu o Vítor Oliveira, que
sabia tudo de trás para a frente. Pode
ser complicado», alerta.
Por
PEDRO CADIMA
FUTEBOL
ITÁLIA
Ciro Immobile
é Bota de Ouro
Ciro Immobile juntou-se ontem ao grupo
de três intrusos que, desde 2008,
impediram Ronaldo ou Messi de ganhar a
Bota de Ouro — Forlán e Luis Suárez os
restantes. O avançado italiano, 30 anos,
somou 36 golos na Serie A, após ter
contribuído ontem com um na derrota da
Lazio em Nápoles, por 1-3, na derradeira
jornada da Serie A (ver pág. 23). O polaco
Lewandowski (34 golos) terminou a
corrida em segundo, enquanto CR7 foi
terceiro (31) — ontem foi poupado no
desaire da Juventus com a Roma.
jAvançado italiano da Lazio
marcou no adeus da Serie A; Cris-
tiano Ronaldo ficou em terceiro
Ciro Immobile, 30 anos, avançado da Lazio
CAFARO/AP
VENCEDORES NOS
ÚLTIMOS 13 ANOS
jBota de ouro ESM
ÉPOCA JOGADOR
2007/2008 Ronaldo
2008/2009 Forlán
2009/2010 Messi
2010/2011 Ronaldo
2011/2012 Messi
2012/2013 Messi
2013/2014 Ronaldo/Luis Suárez
2014/2015 Ronaldo
2015/2016 Luis Suárez
2016/2017 Messi
2017/2018 Messi
2018/2019 Messi
2019/2020 Immobile
EDUARDO OLIVEIRA/ASF
Carlitos, extremo que brilhou ao serviço dos gilistas, quer fazer o mesmo como presidente