A Bola - 20200806

(PepeLegal) #1

A BOLA


Quinta-feira
6 de agosto de 2020


FC PORTO 15


Futebol


«Se fosse preciso, salvava-nos!»


Guillermo Barros Schelotto, um dos grandes da história do Boca, curva-se a Marchesín


dFoi o seu primeiro guarda-redes na carreira de treinador dUm triunfo que os une no Lanús


G


UILLERMO BARROS
SCHELOTTO foi um dos
grandes parceiros de Ri-
quelme num dos melhores
Boca da história e venceu
quatro Libertadores. Em seis con-
quistadas pelo clube, sendo um dos
jogadores mais titulados do clube. É
uma lenda na Bombonera, amado
pela sua atitude, mesmo sendo um
virtuoso, e iniciou a carreira de trei-
nador no Lanús em 2012, permane-
cendo até 2015. Foi o obreiro da vi-
tória dos ‘granate’ na Copa
Sul-Americana de 2013. Na baliza
contava com Agustín Marchesín,
uma das estrelas da equipa, que foi
indiscutível na baliza do Lanús em
todo o comando de ‘Guillo’. O guar-
da-redes do FC Porto, frio, líder e
consistente, um dos reforços mais
decisivos para Sérgio Conceição,
abriria portas de um contrato van-
tajoso no México com o Santos La-
guna, depois de brilhar no Lanús.
«Tenho uma grande recordação
do Agustín, eu era um jovem treina-
dor a iniciar-me, ele já era titular. Vi
logo a sua personalidade, que o fa-
zia ser muito competitivo. Algo que
nunca perdeu. Foi cedo para o Mé-
xico e isso impediu-o de chegar an-
tes à Europa. Mas eu sabia que era
inevitável que lá chegasse porque
leva escrito na pele que é puro ganha-
dor. Essa atitude faz dele um dos
melhores na Argentina e não estra-
nha que tenha sido já o melhor em
Portugal», enaltece o técnico, que
chegaria ao ‘seu’ Boca para ser cam-
peão como treinador em 2016 e 2017.
Atualmente treina na MLS os Los
Angeles Galaxy. Às suas ordens es-
teve Ibrahimovic. Guillermo Barros
Schelotto nunca se esqueceu de Mar-
chesín e fez vários esforços para o fa-
zer regressar à Argentina, dizendo
‘Marchesín ou nada’. Foi, em vários
momentos, um namoro do Boca.
Schelotto recua à conquista da Copa
Sul-Americana de 2013, o primeiro
título da sua carreira como treinador.
Foi no Lanús, uma equipa protegi-
da por um fora de série.
«Na Copa Sul-Americana o Mar-
chesín não foi decisivo, porque a
equipa teve um grande desempe-
nho, foi sempre um Lanús muito
ofensivo perante rivais fortíssimos
como Racing e River. Era uma equi-
pa agressiva que se destacava pelo
jogo direto. Marchesín não foi sujei-
to a uma participação intensa nos


Por
PEDRO CADIMA

jogos mas sabíamos que a cada erro
que cometêssemos, ele salvava-nos,
porque estava num nível bárbaro. A
sua personalidade e a sua competi-
tividade punham o balneário a 100
por cento na vontade de vencer»,
elogia, certo dos atributos que leva-
ram Marchesín a escalar, sem ver-
tigens, todos os obstáculos, vestin-
do, agora, a pele de figura na Europa.
«Foi agarrando todos os desafios
a que se propôs, cada vez mais difí-
ceis e nunca parou de alcançar os
objetivos. Tem personalidade de so-
bra e também é muito trabalhador.
Ao trabalhar com ele percebi que ele
nunca iria claudicar nem abandonar
o repto de ser cada dia melhor e mais
triunfador. Isso levou-o a um dos
grandes na Europa e, por isso mes-
mo, já se destaca no FC Porto. Falo
com ele regularmente, procura sa-
ber como anda e já o felicitei pelas
grandes vitórias que alcançou em
Portugal», sustenta Guillermo Bar-
ros Schelotto, lembrando uma afini-
dade fácil desde a primeira hora. Ho-
ras e horas de conversa sobre a vida
e sobre essa forma maravilhosa de
sermos apresentados ao mundo.
«Falávamos sobre quase tudo, sem-
pre houve entre nós muita proximi-
dade. O facto dos nossos pais serem
ambos médicos ginecologistas aju-
dou», confidencia.

Indiferente à pressão de Andrada


jRivais no Lanús e agora con-
correntes na seleção; Schelotto
vê Marchesín como n.º 1

Marchesín e Andrada (Boca)
são hoje dois dos guarda-redes
mais apreciados na Argentina,
formando com Franco Armani
(River) o trio de favoritos a re-
presentarem a alviceleste no Mun-
dial de 2022. Lionel Scaloni tem
mesmo dividido oportunidades

pelos três. Schelotto é um dos que
está mais abalizado a comentar
esta luta, situando a conversa nos
argumentos de Marchesín e An-
drada, que foram companheiros
no Lanús. O guarda-redes do FC
Porto é três anos mais velho que
o de Boca. A relação hoje é de 29
para 32, na altura era de 22 para


  1. E Marche levava sempre a me-
    lhor, mesmo acossado por um po-
    tencial altíssimo do rival.


«Marchesín era titular mas ti-
nha por detrás um jovem que pro-
metia muitíssimo que era Esteban
Andrada. Era muito novo e já era
seguido por Liverpool e Barcelo-
na. Marchesín tinha essa pressão
de ter de jogar sempre bem e ren-
der, porque Andrada estava ali à
espreira e era para lançar. Agus-
tín soube conviver com isso e mos-
trou de que era feito. Lutador e
competitivo. São os dois guarda-

-redes que deviam ser o número
1 e o número 2 da Argentina. Con-
sidero que Andrada está no Boca
mas podia estar em qualquer equi-
pa do mundo, pois tem uma téc-
nica incrível. Mas, mesmo assim,
coloco Marchesín por cima, pela
personalidade que o define», con-
clui Guillermo Barros Schelotto,
imaginando o campeão português
como titular da Argentina no
Mundial do Qatar.

EDUARDO OLIVEIRA/ASF

Agustín Marchesín foi um dos reforços mais importantes do FC Porto, marcando a sua qualidade e liderança no seu ano de estreia na Europa

Era inevitável chegar


à Europa, porque levava


escrito na pele que é


um puro ganhador
GUILLERMO BARROS SCHELOTTO
Treinador dos Los Angeles Galaxy
Free download pdf