Record - 20200807

(PepeLegal) #1
17
7 de agosto de 2020

futuro e estamos muito tranquilos
com a substituição do Cláudio.
Contrataremos outro guardião,
mas creio que Babacar ganhou a
confiança do clube com as suas
atuações na reta final e sabemos
que pode perfeitamente ser o
guarda-redes titular do Tondela.
Confio muito nele e estou certo que
pode ser uma das grandes sensa-
ções da Liga na próxima época.
+Moufi, Pité e Valente vão reno-
var ou não há hipótese?
DB – O treinador e o diretor des-
portivo é que têm de decidir essas
questões. Eu como gestor, e apesar
de ter a minha opinião, tento não
me meter nas decisões desporti-
vas. Quando me pedem, digo que
lhes vamos baixar o ordenado. Eles


recebem para tomar decisões e dar
opinião sobre as questões despor-
tivas. Sei que não é o habitual, o
normal é todos opinarem. Mas
para poder exigir resultados e ren-
dimento às pessoas, tenho de dar-
-lhes responsabilidades e capaci-
dade de decisão. Essa é uma deci-
são deles.
+Pepelu, Richard e Ronan estive-
ram emprestados. Poderão vol-
tar?
DB – Há contactos com os seus clu-
bes e agentes para ver em que con-
dições poderão voltar ao Tondela.
Todos esses têm essa hipótese, mas
não se sabe o futuro. Fizeram boas
épocas e há gente a acompanhá-
-los. Mas é possível voltarmos a
vê-los na próxima época.
+Quanto rendeu a transferência
de Philipe Sampaio para o Guin-
gamp?
DB – Não vou dizer. Era um dever
nosso facilitar, também, a situa-
ção, pois era um sonho dele jogar
em França. Alguns podiam suspei-
tar que, depois da transferência,
ele poderia levantar o pé do acele-
rador no Tondela, mas demons-
trou profissionalismo e compro-
misso, deu tudo pelo Tondela e há
que agradecer-lhe por isso.
+Há mais vendas na forja?
DB – Há contactos por jogadores
que despertaram interesse de clu-
bes portugueses e europeus.
+E o Tondela precisa de vender
para manter a estabilidade das
contas?
DB – Não é necessário, graças a
Deus. Pelo que já expliquei.
+E reforços? Pode adiantar-nos
algum?
DB – Ainda não, é cedo. Há que
manter a tensão nos jornalistas.
Fazem pouco caso do Tondela du-
rante todo o ano. Agora que gera-
mos notícias, gostamos de deixar
as pessoas à espera... [risos]
+Está no Tondela desde novem-
bro de 2018. Até quando pretende
ficar por cá?
DB – A verdade é que nunca penso
nisso. Estou muito feliz, levanto-
-me e deito-me a pensar no que
fazer no Tondela. Queremos con-
tinuar a crescer, ter mais adeptos
no estádio, mais gente identificada
com o clube. Vamos dar sequência
ao trabalho e ver onde podemos
chegar. Estou 100% concentrado
no projeto, pensando já em conse-
guir ficar mais uma temporada na
1ª Liga.
+De preferência sem sofrer tan-
to e sem esperar pelo último jogo,
se calhar...
DB – Sim! Para poder ter férias,
pelo menos... [risos] Espero que a
nova época seja muito mais tran-
quila. Quando temos menos re-
cursos económicos, quanto antes
conseguirmos os objetivos des-
portivos, melhor, pois mais coisas
poderemos adiantar na prepara-
ção da época seguinte. *

“Futebol português


esteve perto


da bancarrota”


çComo explica a quebra nas
últimas semanas da época?
DB – É difícil. Os números do
Tondela pós-Covid são muito
parecidos com os pré-Covid. Por
outro lado, certas equipas tive-
ram um rendimento muito su-
perior no pós-Covid. As explica-
ções podem ser muitas. Eu, e
apresentei queixa na Liga en-
quanto membro da direção,
creio que a competição foi preju-
dicada no momento em que
houve equipas que podiam man-
ter treinos conjuntos durante o
confinamento e outras não. Isto a
meio da competição é uma gran-
díssima vantagem. Sei que a so-
lução é difícil, porque estamos a
falar de decisões do Governo, da
DGS, mas houve equipas que se
viram muito beneficiadas por
poderem continuar a treinar du-
rante o confinamento em grupo.
Outras não o puderam fazer.
+ A que equipas se refere?
DB – Isso já é o vosso trabalho, não
vou dizer. Por não haver restri-
ções iguais em todo o território,

algumas equipas puderam trei-
nar. Porque as medidas de saúde o
permitiam, não digo que tenha
sido o correto ou não, mas digo
que houve para uns a possibilida-
de de treinar e para outros não.
Isso criou um distanciamento no
rendimento das equipas.
+ E como é que essa queixa foi
avaliada na Liga?
DB – Legalmente, pouco se podia
fazer. Esta é uma análise a nível
desportivo, em busca da expli-
cação para a diferença no nível
das equipas. Em certas regiões
podia haver um nível determi-
nado de liberdade, porque eram
situações menos perigosas, e ou-
tras regiões tinham restrições
muito maiores. Não é o mesmo
uma equipa de Lisboa com pro-
blemas pelo confinamento e uma
do Algarve com menos proble-
mas e contágios, o que provoca-
va menos restrições...
+ Que análise faz à forma como
se procedeu à conclusão da
Liga?

DB – Foi um exemplo para toda a
Europa o que se passou em Por-
tugal. Primeiro a nível político,
pelas rápidas decisões tomadas
pelo Governo e o apoio da oposi-
ção, deixando de lado os ideais
políticos. É um pouco o que se
deu em relação à Liga, jogado-
res, FPF. Foi um confinamento
muito intenso, com reuniões
quase dia a dia, com FPF, Liga,
preparando o plano de retoma
do futebol, mudando-o pratica-
mente a cada semana. Todos re-
maram para o mesmo lado para
que a Liga retomasse da melhor

forma e acabasse. Não sei se as
pessoas têm a real noção do quão
perto o futebol português esteve
da bancarrota, de ficar muito
afetado, porque se não voltasse a
Liga – o que esteve em cima da
mesa durante várias semanas
como cenário muito possível –
haveria consequências desas-
trosas para toda a indústria.
Conseguiu-se com grande soli-
dariedade e foi histórica a reu-
nião dos presidentes dos três
grandes.
+ O que acha do novo playoff?
DB – É bom para o futebol portu-
guês. É algo positivo mas não tem
de ser isolado, ou seja, não pode-
mos copiar só um dos aspetos de
outras ligas europeias...
+ O que defende?
DB – A segurança jurídica e con-
trolo económico sobre os clubes,
para que não esteja em perigo a
sua viabilidade durante a época,
e a negociação conjunta dos di-
reitos televisivos, para o cresci-
mento da Liga de forma unifica-
da, não com cada clube a ir numa
direção. Só assim se pode vender
uma marca única no Mundo.
Hoje, no Tondela, nem posso lu-
tar por reforços com equipas da
2ª Liga de Espanha, França ou
Alemanha. *

ENTREVISTA DAVID BELENGUER


“Quero gente da
região no clube”

çPreocupam-no casos
como o do Aves?
DB – Naturalmente que sim.
O futebol português tem de
crescer em muitas direções.
Sabemos o nível das equipas,
treinadores, jogadores, mas
há outro lado que tem de
crescer. Há que aumentar o
controlo sobre as tomadas de
decisão das SAD, para que
isto não aconteça e as entida-
des sejam sérias e viáveis.
+ Chegou a temer pelo Ton-
dela, atendendo à hipótese
de retirar os pontos do Aves,
o que poderia atirar o clube
para zona de descida?
DB – Sim. Havia muitos ru-
mores. Não se sabia como ia
ser tratada a situação a nível
jurídico. Podia acontecer
isso ou a falta de comparên-
cia do Aves contra um rival
direto que era o Portimo-
nense. Seria um prejuízo
grande. Mas mais grave é a
má imagem que tudo isto deu
do futebol português. *

“Há que aumentar
o controlo
sobre as SAD”

“COMPETIÇÃO FOI PREJUDICADA
AO HAVER EQUIPAS A FAZER
TREINOS DE GRUPO NO
CONFINAMENTO E OUTRAS NÃO”

çQue importância tem a
aposta nos jovens?
DB – Muita. Sempre fui de-
fensor dos jovens e gosto de
uma boa combinação de ex-
periência e juventude. As
melhores experiências que
tive como jogador foram em
plantéis com essa mescla. E
também é uma questão de
identidade. É importante que
os miúdos vejam que podem
chegar à equipa A e também
quero ter mais gente da região
aqui no Tondela.
+ Como está o projeto da
academia?
DB – O processo de licenças
demorou muito tempo, devi-
do aos incêndios de há dois
anos, mas já deve estar quase
concluída para podermos co-
meçar as obras. É algo funda-
mental para nós. *

CD TONDELA

CD TONDELA

TONDELA

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