RUI MIGUEL GOMES
bbb Adán e Nuno Santos fize-
ram ontem o primeiro treino
às ordens de Rúben Amorim,
na Academia em Alcochete.
Estas foram mesmo as duas
principais novidades do treino
de ontem, o último antes da
partida para o estágio de pré-
temporada que se realizará em
Lagos, no Algarve (ver página
13). Assim, numa sessão mar-
cada pelo regresso aos treinos
depois de um dia de folga, o
técnico leonino teve oportu-
nidade de ver em ação os mais
recentes reforços, contratados
depois de terem representado
na derradeira temporada, res-
petivamente, o Atlético de
Madrid e Rio Ave.
Numa sessão de trabalho
marcada pela exigência física
e conteúdos táticos que o téc-
nico pretende que os seus jo-
gadores assimilem o quanto
antes, Nuno Santos, em parti-
cular, teve oportunidade de se
enquadrar nos passos que Rú-
ben Amorim pretende que
sejam seguidos pelo extremo,
que tanto pode atuar como
unidade interior numa das
duas posições de corredor e
apoio à referência ofensiva,
procurando sempre os movi-
mentos mais próximos de
Sporar, como deliberadamen-
te colocado a ala esquerdo,
onde Nuno Mendes terminou
a época como titular, isto em
situações de maior aperto
ofensivo.
Adán, por sua vez, juntou-se
ao lote de três guarda-redes
que têm vindo a trabalhar às
ordens de Rúben Amorim,
concretamente Luís Maximia-
no, Renan Ribeiro e André
Paulo, este um reforço para a
equipa B. O experiente guar-
dião espanhol deixou uma
mensagem nas redes sociais,
onde partilhou imagens suas
no treino legendadas com a
frase: “As primeiras sensa-
ções...” Foi o suficiente para
que vários adeptos leoninos
REFORÇOS Guardião e extremo esquerdo estrearam o
principal relvado de treinos na Academia para Rúben ver
Adán e Santos
integrados
Sessão de trabalho foi
marcada pela intensidade
física, mas também pela
consolidação da mensa-
gem tática que deve ser
seguida pelos atletas. À
tarde a equipa seguiu para
Sul do país
Luiz Phellype também merece nota de destaque no
treino de ontem, porque, de acordo com informações
reveladas pelos responsáveis leoninos, o avançado
brasileiro treinou-se integrado, mas apenas na parte
inicial do treino. Este, recorde-se, recupera de uma grave
lesão contraída no joelho da perna direita, que o levou à
mesa de operações. O próprio jogador, assim como o
departamento médico dos leões, ainda teve a esperança
de somar alguns minutos na derradeira fase da última
temporada, mas tal não foi possível.
Luiz Phellype sem limitações
Adán integrou o lote de quatro guarda-redes
Nuno Santos assimilou novos conteúdos táticos
SPORTING
Alma leonina
1
O meu sportinguismo
nasceu em Alfama,
com o meu tio-avô
João, um leão dos cinco
costados. Todos os do-
mingos, em sua casa,
levava-me à “sala do Spor-
ting” onde me contava as
proezas dos cinco violinos,
de Damas, Keita ou Yazalde.
A sala do Sporting era um
local mágico, cheia de mitos,
promessas de vitórias, onde
brilhava o leão rampante e a
mágica listada verde e bran-
ca. Nasceu, assim, um amor
para a vida. Obrigado Tio
João!
2
Lembro-me da mi-
nha primeira ida a
Alvalade, num dérbi
com o Benfica. Lem-
bro-me de não dor-
mir de excitação na
noite anterior, ansioso de ver
o vulcão de Alvalade e uma fé
imensa na vitória. Lembro-
me de comprar o meu pri-
meiro jornal, em plena Praça
de Londres, o jornal “o Spor-
ting”. Comprei-o com o meu
dinheiro a seguir a uma dolo-
rosa derrota por 5-0 com o
Celtic. Lembrei-me do nosso
lema, Esforço, Dedicação,
Devoção e Glória, e lembrei-
me que um Leão nunca baixa
a cabeça.
3
Lembro-me de faltar
à ginástica para ver os
treinos dos juniores
no único relvado se-
cundário que existia
em Alvalade. Lem-
bro-me das romarias para ver
as noites europeias. Lembro-
me do meu primeiro jogo
pelo Sporting. Lembro-me
das noites mágicas do hóquei
e andebol na nave de Alvala-
de. Em bom rigor, entre os 12
e os 18 anos vivi em Alvalade,
devorando tudo o que fosse
Sporting. E lembro-me da
paixão existente, da crença,
da fé leonina que mantive-
ram o clube no topo do des-
porto nacional apesar de to-
das as crises, a pior de todas
com Jorge Gonçalves. Lem-
bro-me da raiva interior que
vivi no Pavilhão da Luz quan-
do fomos lá jogar e não tínha-
mos bolas para o aquecimen-
to. Mas a ALMA LEONINA
estava lá, o orgulho de ser
leão. No jogo da segunda vol-
to, da agressão verbal e física,
da perseguição a sócios e do
divisionismo. O Sporting é
plural e tem de ser de todos
nós.
6
Frederico Varandas
dificilmente enten-
derá o que acabei de
escrever. O clube
está na mão de um
grupo de amigos
sem experiência de gestão,
traquejo de vida e conheci-
mento da cultura do clube.
André Bernardo é apenas
mais um. Os seus editoriais
são mais dedicados a encon-
trar desculpas que apontar
soluções. Poucos acreditam
neste Sporting, a começar
pelos seus dirigentes que
encontraram no COVID o
amigo perfeito para conti-
nuaram a escrever as páginas
do declínio leonino. Onde
está a alma leonina meu caro
André?
Notas finais. Fui a casa de um
médico na expectativa de ver
um jogo da Champions. Sen-
do um prémio à classe médi-
ca estava convencido que lhe
iriam oferecer a mensalidade
da Eleven Sports. Enganei-
me e não vi o jogo. Por fim,
parece que o avião do Benfica
que levava Cavani ficou sem
gasolina e só chegou a Ibiza.
Parece, também, que Vieira
nunca foi a nenhuma reu-
nião e isso faz toda a diferen-
ça. No fundo, julgo que ele
nem sabia das negociações.
ta, no Pavilhão B vingamo-
nos da derrota por 1 ponto e
aviámos o rival por mais de
20.
4
Lembro-me da terra
dos meus avôs, Cas-
telo Novo, em que a
esmagadora maio-
ria dos habitantes
eram do Sporting.
Lembro-me da paixão que
encontrei em vários núcleos
que visitei, em Coimbra,
Santarém, Norte do País, Ta-
vira, etc. Gente que dá tudo
pelo clube sem querer nada
em troca. Um amor incondi-
cional. O Sporting é isto e
certamente não é um clube
de elites. É um clube de raízes
profundamente populares,
com milhões de adeptos es-
palhados pelo Mundo, com
uma cultura única de despor-
tivismo e valores cívicos. O
Sporting é Damas, Manuel
Fernandes, Figueiredo, os
cinco Violinos, é Joaquim
Agostinho, Carlos Lopes,
Mamede, Livramento, e tan-
tos outros. Quem não enten-
de isto, não entende nada
sobre a cultura leonina. É
superação, é vontade indo-
mável de vencer e é GLÓRIA,
a glória de um palmarés úni-
co em Portugal. Todos os que
amamos o Sporting CP não
podemos deixar esmorecer a
alma, a fé e a crença leoninas!
5
O Sporting de hoje é
um clube descrente,
a magia desapareceu
de Alvalade. A nossa
alma definha peran-
te a crescente indife-
rença de um número cada
vez maior de sócios e adep-
tos. Décadas de incompetên-
cia, soberba e desconheci-
mento têm arrastado o clube
para o divisionismo, a intole-
rância e a fragmentação. A
destruição da cultura e fé
leoninas são a maior ameaça
à nossa grandeza. O Sporting
não é isto, não pode ser isto! E
não pode ser a casa do insul-
Samuel
Almeida
Rugidos
do leão
deixassem mensagens de
apoio e incentivo ao novo
guardião, dono da camisola 1,
que vem, como o próprio assu-
miu, para lutar pela titularida-
de. Aliás, a baliza ainda tem
algumas dúvidas no que à sua
constituição final diz respeito,
uma vez que Luís Maximiano
tem sido objeto de interesse de
emblemas estrangeiros, em
particular italianos, enquanto
Renan há muito que tem a
porta de saída entreaberta. A
SAD procurou salvaguardar-se
para esse cenário e, como tal,
apostou em Adán, que chegou
a Alvalade como atleta livre,
depois do término do contrato
com o Atlético de Madrid.
O clube está na
mão de um grupo
de amigos sem
experiência de
gestão, traquejo
de vida e
conhecimento da
cultura do clube
Fotos: Sporting CP
Paulo Spranger / Global Imagens
Domingo, 23 agosto 2020
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