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e acordo com as sondagens, é pouco provável que
Donald Trump seja reeleito presidente dos Estados
Unidos. O que significa que muita coisa pode mudar
no início de 2021 na política americana. Mas, por
enquanto, Trump tem vindo a reforçar as hostilidades perante
as tecnológicas chinesas. Depois de tudo que o se passou com a
Huawei, primeiro com o bloqueio dos serviços Google e, depois,
com o bloqueio ao fornecimento de processadores produzidos pela
TSMC (Taiwan), Trump virou-se para o TikTok (e WeChat). Não
são alvos aleatórios. A Huawei era (e é) uma forte ameaça à in-
dústria de telecomunicações norte-americana na implementação
do 5G, um negócio avaliado em milhares de milhões de dólares.
O TikTok é uma ameaça à hegemonia dos norte-americanos nas
redes sociais, onde se destacam Facebook, Instagram e Twitter.
Neste aspeto, é preciso lembrar que a China não é uma vítima:
foi a China quem bloqueou primeiro os serviços americanos
através do que é conhecido pela ‘grande firewall da China’. Na-
quele país, não é possível usar livremente o Facebook, o Twitter
ou o Google. E não é só, o sofisticado sistema de censura digital
chinês também bloqueia o acesso a vários órgãos de comunicação
social ocidentais. Ambos os países sabem que quem dominar a
tecnologia vai liderar o mundo. Um domínio que não passa apenas
pela economia. Trump sabe que foi graças a muita manipulação
das redes sociais que conseguiu chegar à presidência. Mais uma
razão para não ‘deixar o TikTok por mãos alheias’.
Esta tentativa de Trump conquistar através do bloqueio é
tanto mais evidente quando ficou claro que o TikTok pode evitar
ser banido nos EUA se aceitar ser comprado por uma empresa
americana. E estou convencido que se a Huawei optar por usar
processadores Snapdragon, da americana Qualcomm, o bloqueio
das autoridades dos EUA à marca chinesa vai ser levantado, nem
que seja parcialmente. E talvez seja a única escolha que resta à
Huawei, que não vai poder produzir os chips Kirin na TSMC nem
tem alternativas à altura deste fabricante na China, onde as mais
avançadas fábricas de semicondutores estão duas ou três gera-
ções atrasadas. Ou seja, o governo de Trump está a aplicar uma
política mais sofisticada do que aparenta à primeira vista: limitar
fortemente a possibilidade de empresas chinesas liderarem na
inovação, onde estão as maiores 'fatias do bolo', atirando-as para
o papel secundário que têm tido, que é a produção, deixando as
grandes margens do negócio para as marcas ocidentais. E não me
parece claro que esta política, na sua essência, venha a mudar
mesmo que Trump abandone a Casa Branca.SÉRGIO MAGNO | DIRETORQUANDO NÃO OS PODES
VENCER, BLOQUEIA-OS