Record - 20200830

(PepeLegal) #1
21
30 de agosto de 2020

se o adquiriram rapidamente de-
pois de tanto tempo parados é si-
nal de que gostavam e que esta-
vam recetivos a absorver toda a
informação que recebiam.
+ Olhando para 2020/21, a entra-
da na fase de grupos da Liga dos
Campeões é o primeiro grande
objetivo?
PM – Sim, sem dúvida! É impor-
tante para o clube, em termos fi-
nanceiros e de visibilidade. E temos
aqui muitos jogadores de enorme
qualidade que se podem mostrar
nestas grandes competições.
+ Acredita que o Olympiacos po-
deria ter feito um percurso ainda
melhor na Liga Europa?

PM – Contra o Wolverhampton
fizemos dois jogos muito bem
conseguidos, mas o futebol é as-
sim. Na minha humilde opinião,
fomos superiores nas duas mãos,
mas a eficácia ditou as leis. E tam-
bém cometemos erros. Quería-
mos ir mais longe na Liga Europa
mas a verdade é que fizemos uma
grande caminhada europeia. Foi
muito positivo!
+ Conseguiu contratar dois joga-
dores muito experientes, Rafi-
nha e Holebas.
PM – Sim, e ainda estamos à pro-
cura de mais dois laterais. Mas
quando surgiram esses dois no-
mes foi com a ideia de acrescentar
experiência e unir o plantel com
essa mesma experiência. O Elab-
dellaoui e o Tsimikas eram muito
importantes no nosso processo de
jogo... Mas estamos à espera de
dois atletas mais jovens que ga-
rantam o presente e o futuro do
Olympiacos.
+ Zaidu e Yuri Ribeiro são dois
nomes apontados. Pode confir-
mar se de facto interessam?
PM – Não são jogadores do clube e
por isso não vou comentar.
+ Voltando às provas europeias,
este ano defrontou o Bayern, que
venceu, recentemente, a Liga dos
Campeões...
PM – Vi logo capacidade para fa-
zerem este percurso. E houve
uma diferença grande por causa
da mudança de treinador. O
Bayern que defrontámos aqui
teve muito mais dificuldades.
Perdemos 3-2 mas fizemos uma
segunda parte brilhante. A pró-
pria crítica disse que o resultado
foi injusto, mas os detalhes fize-
ram a diferença. Na 2ª mão, na
Alemanha, já tivemos muitas di-
ficuldades e nem tivemos hipóte-
ses de discutir o resultado. Perde-
mos 2-0, mas assumo que pode-
ríamos ter perdido por mais. Mas
sempre disse que o Bayern era o
principal candidato a ganhar a
Liga dos Campeões.
+ Teve também pela frente o
Tottenham de José Mourinho.
Trocaram algumas palavras?
PM – Muito pouco! Coisas de cir-
cunstância. Mas esses dois jogos
foram muito bons. Empatámos
na Grécia e lá em Londres fizemos
uma primeira parte absoluta-
mente deliciosa, brilhante. Mas
perdemos porque sofremos um
golo no último minuto da primei-
ra parte e o jogo mudou comple-
tamente.
+ Mais tarde voltou a Londres e
venceu o Arsenal...
PM – Sim, foi incrível! O mais im-
portante era o Olympiacos recu-
perar o prestígio que tinha na Eu-
ropa, que era algo que tinha per-
dido, desportivamente. Quere-
mos que tenham respeito por nós,
quando jogamos fora ou na Gré-
cia. E conseguimos. *

“É bom para


o futebol português


ter o Jesus de volta”


çQue opinião tem acerca do re-
gresso de Jorge Jesus a Portugal
para treinar o Benfica?
PM – É bom para o futebol portu-
guês ter o Jorge Jesus de volta. O
estrangeiro também perde o Jorge
Jesus e, por isso, é bom para o nos-
so campeonato, que também terá,
certamente, mais visibilidade. É
algo que o Jorge também conse-
guiu, fruto do trabalho que fez no
Brasil ao serviço do Flamengo.
Vamos ter mais gente a olhar para
o futebol português de outra for-
ma, tenho a certeza. Mas espero,
acima de tudo, que o nosso futebol
cresça, pois perdeu qualidade nos
últimos anos fruto de sucessivas
vendas dos melhores jogadores.
Mas penso que na próxima tem-
porada o campeonato poderá ser
mais competitivo e com jogos de
maior qualidade.
+Vê os clubes portugueses com
essa capacidade para segurar os
jovens talentos?
PM – Penso que FC Porto, Benfica
e Sporting vão segurar grande
parte dos jogadores. As melhores
equipas vão manter a base da últi-
ma época e até melhorar os plan-
teis. Também vejo o V. Guimarães
a fazer um bom trabalho e a con-
tratar bons jogadores, por exem-
plo. Penso que vamos dar um salto
qualitativo e espero estar certo
quanto a isso. Há dois ou três anos
já dizia isto. O nosso campeonato é

competitivo, mas em termos de
qualidade do jogo creio que na úl-
tima temporada ficou muito
aquém do que era habitual.
+Fora da esfera dos três grandes
houve alguma equipa que o te-
nha surpreendido?
PM – O Famalicão, por exemplo,
recém-promovido, com jovens
jogadores de grande qualidade.
Muitos estavam em grandes pro-
jetos no estrangeiro. Houve um
trabalho muito bem conseguido e
o Famalicão formou um bom
plantel. Teve à frente o Miguel Ri-
beiro, que tem um conhecimento
muito profundo do futebol portu-
guês e conseguiu construir uma
equipa com muita qualidade.

+Além dos jovens que estão a
chegar, regressaram ao nosso
campeonato outras caras conhe-
cidas, como Gaitán ou Javi Gar-
cía. Acredita que a qualidade au-
mentará também por aí?
PM – Em Portugal nunca se olha
para um projeto na sua plenitude.
Falou-me de dois nomes que dis-
pensam apresentações e que da-
riam qualidade a qualquer cam-
peonato onde jogassem. É melhor
que seja em Portugal porque assim
o nosso campeonato vai ficar mais
rico. Mas o Boavista, há uns anos,
por dificuldades financeiras ou de

tesouraria, apostou muito nos jo-
vens e conseguiu manter-se na 1ª
Liga. No Marítimo também havia
um projeto muito bem definido e
quando saí as coisas mudaram e o
Marítimo deixou de ser um clube
formador para avançar para outro
projeto. Esse projeto era do presi-
dente Carlos Pereira e consegui-
mos colocá-lo em marcha com
resultados fantásticos. Os projetos
também mudam. Em Portugal
não vemos um como o do Ajax.
Vimos algumas réplicas que rapi-
damente foram abandonadas.
Não vou falar em nomes de clubes,
mas num passado muito recente
houve um que tinha um projeto
muito vincado e que, por força dos
resultados, ou por falta deles, alte-
rou tudo.
+ Houve algum jogador que o te-
nha surpreendido particular-
mente esta época em Portugal?
PM – Marcus Edwards. É um joga-
dor muito forte no um para um.
Gosto de extremos assim, que ar-
risquem e que não tenham receio.
Foi uma agradável surpresa, não
estava à espera. Foi a grande reve-
lação do futebol português. Se es-
tivesse no FC Porto, no Benfica ou
no Sporting creio que a visibilida-
de dele teria sido noutro sentido.
Independentemente da idade,
quando há qualidade... *

ENTREVISTA PEDRO MARTINS


“Gostava que
o Bruno Gaspar
continuasse”

çComo antevê a próxima
temporada em Portugal?
PM – Como disse, creio que
haverá maior competitivi-
dade no campeonato por-
que, pelas contratações que
tenho visto, a qualidade vai
aumentar. É habitual dize-
rem que o futebol inglês é o
mais difícil e o mais equili-
brado, mas a verdade é que o
Liverpool foi campeão a sete
ou oito jornadas do final...
Mas na luta pela permanên-
cia, por exemplo, costumava
haver mais equipas naquela
aflição de fugir à descida e
este ano não foi assim. O
Aves perdeu muitos pontos e
desceu precocemente.
+Falou do Aves. Como
acompanhou a situação vi-
vida pela equipa esta época?
PM – Lamento ver um clube
como o Aves a passar por
isto. Conheço aquelas gen-
tes, o clube era cumpridor e
em dois ou três anos a essên-
cia e a honra desaparecem.
Lamento profundamente. *

“Lamento ver
o Aves passar
por isto”

“O NOSSO CAMPEONATO
É COMPETITIVO MAS EM TERMOS
DE QUALIDADE DE JOGO ESTE ANO
FICOU MUITO AQUÉM...”

çO Olympiacos poderia
ter acionado uma cláusula
para contratar Bruno Gas-
par ao Sporting em definiti-
vo. Por que motivo não o
fez?
PM – Houve um problema
mais... financeiro. Gostaria
que o Bruno Gaspar tivesse
continuado, mas em termos
financeiros já era incompor-
tável para o clube. Foi isso
que a administração do
Olympiacos me transmitiu
e, por isso, só tenho de ar-
ranjar soluções para o plantel
que também se possam ade-
quar à realidade financeira
do clube. Mas foi única e ex-
clusivamente por isso, por-
que se não fosse o Bruno
Gaspar era jogador do
Olympiacos. *

EPA

PEDRO MARTINS

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