06 OPINIÃO
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Diretor-Geral Editorial.Esteves Pereira e Alfredo Leite Octávio Ribeiro; Dir.-Geral Gráfico. Dir.-Gerais Edit.-Adjs. Pedro FreireArmando
4 de setembro de 2020
ç Na mitologia grega, reza a
lenda que um dia Dédalo
aconselhou o seu filho, Ícaro, a
não voar perto do Sol com
asas de cera para que estas
não derretessem. Com arro-
gância, não escutou os conse-
lhos do pai, voou próximo do
astro-rei e acabou afogado no
mar Egeu.
Com a mesma jactância, e es-
cudado num proclamado po-
derio financeiro que não se
cansa de apregoar, Luís Filipe
Vieira decidiu não ouvir os si-
nais de um mercado em con-
tracção e meteu 24 milhões – a
mais cara de sempre no nosso
país – por um rapaz que mar-
cou 22 golos na sua carreira (
na II Liga espanhola).
Bem pode Rui Costa dizer:
“Estão a meter números na
cabeça do jogador, isso não
funciona assim”, para tentar
aliviar a pressão sobre
Darwin Núñez, no entanto, o
príncipe de Florença sabe me-
lhor que ninguém que as ex-
pectativas sobre o jovem uru-
guaio são ainda maiores de-
pois do ridículo desastre da
negociação de Cavani e do
preço que o Benfica está a pa-
gar para o resgatar de Alme-
ría, terra que foi cenário de
muitos ‘western spaghetti’
como ‘O Bom, o Mau e o Vilão’
de Sergio Leone.
Por isso me tenho recordado
de Florent Sinama-Pongolle. A
mais cara contratação de sem-
pre na época, idos de 2009/2010.
Foram 6,5 milhões pagos pelos
leões ao Atlético Madrid, uma
expectativa enorme que re-
dundou num terrível fiasco. Já
passaram dez anos e, curiosa-
mente, ainda sorrio com o elen-
co dos órgãos sociais de José
Eduardo Bettencourt. Basta
aos sportinguistas com menos
memória irem à internet e ver
os nomes que estavam no CD,
MAG e CFD para perceberem
que quem ali andava não pode
fazer parte do futuro do Spor-
ting, mas adiante. Certo é que
Bettencourt caiu com um es-
trondo total também pelo fra-
casso do gasto no francês.
Não estou a antever que
Darwin Núñez vá ser um ‘flop’,
que fique bem claro.
Primeiro, não sou vidente; se-
gundo, do que já vi reconheço
enorme potencial ao uruguaio;
por último, terá a sorte de
aprender com Jorge Jesus, que
já fez crescer tantos jogadores.
Porém, quem vê o futebol de
maneira racional e pouco cega
por clubite, não pode deixar de
considerar um enorme risco
tão avultado gasto. José Eduar-
do Bettencourt reconhecia so-
bre Pongolle: “Tudo o que corre
mal é um mau investimento.”
Agora, há uma pesada expecta-
tiva sobre Darwin Núñez, uma
pressão colossal sobre Vieira e
esse é o principal ónus de um
cheque de 24 milhões.
Já vi alguns Velhos do Restelo
afirmarem que a nossa Selec-
ção está a entrar numa curva
descendente. Quem o afirma só
deve estar a olhar para o bilhete
de identidade de Cristiano Ro-
naldo ou de Pepe. Pois bem, am-
bos mantêm uma fome de vitó-
rias e de conquistas que ali-
menta e motiva os mais novos.
Depois, um País só entra em de-
clínio quando não vê futuro à
sua frente. Ora, no caso do fute-
bol, Portugal tem muito talen-
to jovem. Já entre os consagra-
dos e basta espreitar a lista dos
escolhidos por Rui Jorge para
perceber que temos diversas
minas de diamantes na forma-
ção dos nossos clubes. Portan-
to, vamos continuar a dar car-
tas. Quem está em decadência
há mais de 500 anos são os Ve-
lhos do Restelo. Esses já deviam
estar calados há muito tempo.
* Texto escrito com a antiga ortografia
A Seleção Nacional vai ressentir-se da ausência de Ronaldo,
caso o internacional português falhe o duelo com Croácia?
Cristiano Ronaldo é
sempre um elemento impor-
tante e que decide muitas
partidas na Seleção Nacional.
Mas, além disso, o avançado,
de 35 anos, tem tido um ano
muito produtivo no que diz
respeito a golos e a equipa de
Fernando Santos pode res-
sentir-se da sua ausência. É
que, apesar de a Croácia vir a
Portugal sem Rakitic e Mo-
dric, acaba por ser um adver-
sário com bons jogadores, e
ter CR7 apto seria positivo.
SIM.
FILIPE BALREIRA
A formação orienta-
da pelo selecionador Fernan-
do Santos já demonstrou
noutras ocasiões que conse-
gue superar com sucesso a
ausência do melhor jogador
do Mundo. É certo que é sem-
pre melhor ter o capitão de
equipa por perto, mas caso
Cristiano Ronaldo falhe o
embate com a Croácia desta
Liga das Nações, Portugal
tem todas as condições para
ultrapassar mais este desafio
com uma vitória no bolso.
NÃO.
JOÃO SEIXAS
FRENTE A FRENTE
FACTORRACIONAL
DUARTE RORIZ
LUIS MANUEL NEVES
Rui Calafate
Consultor de
comunicação
AMANHÃ NÃO PERCA LEONOR PINHÃO RUI SANTOS
NÃO PODEMOS DEIXAR
DE CONSIDERAR UM
ENORME RISCO TÃO
AVULTADO GASTO
çFaltam oito dias para o ar-
ranque da mais competitiva liga
de futebol do Mundo. Com pú-
blico? Sem público? Ou com al-
gum público apenas? São per-
guntas ainda sem resposta ,
mas, ao que parece, os estádios
continuarão vazios e os adeptos
vão continuar a seguir os seus
clubes apenas pela televisão.
Já houve, todavia, quem es-
cancarasse as suas portas: o
Tottenham. A Amazon mon-
tou câmaras em tudo quanto
era sítio, até mesmo naquele
que, por cá, ainda se considera
ser um lugar sagrado e inex-
pugnável – o balneário – e, ao
longo de quase toda a tempora-
da, registou como é a vida de
um clube e da sua principal
equipa, sem que nada nem nin-
guém ficasse escondido. O do-
cumentário ‘Spurs All or
Nothing’ é um registo notável.
Vejam (o primeiro dos três epi-
sódios passou a 31 de agosto; os
seguintes nos dias 7 e 14) e agra-
deçam a quem teve a coragem
de o autorizar e nele participar,
pois a vida interna de um clube
não mais será um tabu.
E, enquanto a bola não rola, ro-
lam as libras. Não em todos, até
porque o mercado ainda está
para durar, mas em alguns sim,
e de que maneira. É o caso do
Chelsea, que, com a aposta em
Havertz, já vai para lá dos 200
milhões de libras. Ou do Ever-
ton, que já vai em quase 100 mi-
lhões... Claro que estes valores
serão ‘peanuts’ se o City voltar a
enganar o fair play financeiro
ao contratar Messi através do
grupo City, via Nova Iorque.
Ou seja, vamos ter uma Pre-
mier em que haverá quatro
candidatos ao título – Liver-
pool, City, Chelsea e United – e
dois a lutar pelo 5.º lugar: Totte-
nham e Arsenal. Mourinho não
vai ter vida fácil e, para se ir ha-
bituando, começa logo com 8 jo-
gos em 18 dias, incluindo via-
gens de milhares de quilóme-
tros à Bulgária e depois à Romé-
nia ou à Macedónia, para a Liga
Europa. É complicado? É! Mas,
já vimos Mourinho a ‘descom-
plicar’ noutros momentos e, se
o ‘vírus’ ou as lesões não ataca-
rem, iremos assistir a mais um.
Mourinho
e os 8 jogos
em 18 dias
Eládio Paramés
HORA
DO CHÁ
Darwin,
Pongolle
e a Selecção
HÁ UMA PESADA EXPECTATIVA SOBRE DARWIN
NÚÑEZ, UMA PRESSÃO COLOSSAL SOBRE VIEIRA E ESSE
É O PRINCIPAL ÓNUS DE UM CHEQUE DE 24 MILHÕES