04 LIGA DAS NAÇÕES
6 de setembro de 2020
çComo seria de esperar, o
jogo foi diferente de todos os que
já alguma vez tínhamos visto da
Seleção portuguesa. Sem am-
biente e adeptos nas bancadas,
tal ausência sentiu-se logo no
momento dos de cada um dos
hinos nacionais.
Desde logo, as equipas, junta-
mente com os árbitros, entraram
separadas e alternadamente no
relvado. Se, por um lado, a equi-
pa de Portugal se perfilou com
um considerável espaço a sepa-
rar cada um dos jogadores do co-
lega mais ao lado, isso já não se
verificou do lado dos croatas.
No momento do iminente iní-
cio do jogo, o silêncio incomum
num jogo das quinas podia com-
provar-se pelo facto de todos os
sons envolventes se fazerem
ouvir. Por exemplo, o ruído
constante da circulação rodo-
viária na VCI.
Noutro âmbito, e conforme já
foi mencionado no caso da lide-
rança de Pepe, praticamente to-
das as vozes dos jogadores en-
toavam pelo estádio, assim
como de elementos da equipa
técnica. Por pouco não se teria
também ouvido o impacto das
três bolas portuguesas nos pos-
tes adversários... *
ANTHONY LOPES 3 8J 9GS
Estreia em jogo oficial e com uma
única defesa logo aos 2 minutos!
Nada podia fazer no golo sofrido.
PEPE 4 109J 7G
A voz mais ouvida no jogo mais si-
lencioso da história da Seleção
Nacional. Esteve duas vezes quase
a marcar aos 25 minutos e é dele a
cabeçada a fechar o jogo para o
golo de André Silva. Patrão!
RÚBEN DIAS 3 18J 0G
Sem nunca facilitar e a impor a sua
ordem aos avançados croatas.
Entende-se bem com Pepe.
R. GUERREIRO 4 40J 2G
Grande remate (23’), um tiro ao
poste (34’) e a descobrir Diogo
Jota para o 2-0.
DANILO PEREIRA 3 38J 2G
Em posição de tiro aos 5 minutos,
mas foi muito por cima. Jogo sere-
no e tremendamente eficaz no
que lhe competia.
JOÃO MOUTINHO 4 122J 7G
Já é um veterano no meio de tanta
juventude, mas nunca se acomo-
dou ao jogo. Garantia de estabili-
dade no meio e ao coletivo.
BRUNO FERNANDES 3 20J 2G
Não esteve feliz no momento da
finalização, mas nunca se deixou
abater por isso.
BERNARDO SILVA 3 44J 5G
Sempre pela direita e em constan-
tes perfurações a deixar a cabeça
em roda aos croatas.
JOÃO FÉLIX 4 6J 1G
A estreia a marcar e com raiva,
pois já tinha tido o azar de acertar
com capricho no poste.
DIOGO JOTA 4 3J 1G
Sempre a procurar combinar com
João Félix. Também acertou no
poste, neste caso numa cabeçada
cheio de efeito, e mereceu inteira-
mente o golo que marcou, fruto de
rapidez e insistência.
TRINCÃO 2 1J 0G
Estreia daquele que agora é do
Barcelona e com dois pormenores
a demonstrar classe.
SÉRGIO OLIVEIRA 1 4J 0G
Para dar frescura no meio.
ANDRÉ SILVA 3 35J 16G
Foi o último a entrar e também a
festejar, fechando o jogo a marcar
o quarto golo, respondendo ao ca-
beceamento de Pepe.
çNa ausência de Ronaldo, a
braçadeira de capitão esteve
no braço direito de João Mou-
tinho. Ainda assim, o médio do
Wolverhampton não foi o úni-
co capitão em campo. Pepe, a
jogar no seu Estádio do Dra-
gão, foi quem mais se fez ouvir,
corrigindo, incentivando e
alertando os companheiros.
Por jogar numa zona mais
recuada do terreno (e pelos
muitos anos que já leva disto),
o central é uma espécie de ex-
tensão de Fernando Santos
dentro das quatro linhas e,
agora que não há público, dá
para perceber o quão inter-
ventivo é no decorrer dos jo-
gos. Um líder pelo exemplo,
visto o que ainda joga... *
Voz de Pepe
fez-se ouvir
MUITO INTERVENTIVO
çAo contrário do que acon-
tece nos jogos da Liga portu-
guesa, nas provas da UEFA não
há lugar para os jogadores su-
plentes no banco. O distancia-
mento social é levado muito a
sério pelo organismo que gere o
futebol europeu e, dessa forma,
tudo o que não seja equipa téc-
nica tem de ficar na bancada.
Por isso, foi criada uma zona
no Dragão, imediatamente
acima dos respetivos bancos de
suplentes, para que os jogado-
res portugueses e croatas que
não jogaram de início se insta-
lassem. E daí só saíram para re-
colher ao balneário, no fim da 1ª
parte, e, depois, para realiza-
ram os habituais exercícios de
aquecimento. *
Suplentes
na bancada
NORMA DA UEFA
A FIGURA
PORTUGAL
BASTOU ABRIR O CANCELO
JOÃO CANCELO 4
17 JOGOS 4 GOLOS
O que estava a custar a sair era
mesmo uma finalização nas re-
des e não com tanta pontaria ao
poste. Daí que o golo do defesa-
-direito, por sinal com o pé es-
querdo, foi mesmo o momento
que catapultou a Seleção para
mais um vitória segura. Ainda
por cima, foi mesmo um belo
golo, à entrada da área e sem per-
mitir a defesa do guarda-redes
croata, que até aí tinha respon-
dido a tudo com qualidade. A fa-
lha que Cancelo teve no golo
croata, já fora de horas, não lhe
retira o mérito conquistado.
CUIDADO. Suplentes assistiram à partida na bancada
FOTOS JOSE GAGEIRO/MOVEPHOTO
Ambiente frio
e duas formas
de viver o hino
PORTUGUESES SEPARADOS, CROATAS JUNTOS
Uma equipa que viu o jogo como se fosse o seu carrossel de recreio. No início, a pontaria estava tão afinada
que bateu três vezes no poste, mas lá veio um lateral para um grande golo e depois foi só soltar mais eficácia
CROÁCIA
PETKOVIĆ 3
Saltou do ban-
co para ser o
mais incómodo
dos croatas,
numa exibição
positiva que só
o guarda-redes
Livaković, mesmo sofren-
do 4 golos, também teve.
çA vice-campeã mundial
esteve completamente irre-
conhecível no Dragão. É certo
que desfalcada de algumas das
suas maiores estrelas, mas,
ainda assim, o que a Croácia
(não) fez ficou muito aquém
do que seria de esperar. E va-
leu Livaković, com uma mão-
-cheia de belas defesas, a evi-
tar que a derrota fosse por nú-
meros mais expressivos. De
resto, Vlašić começou por dar
alguns sinais de inspiração,
que não passaram para lá dos
primeiros minutos, sem gran-
de apoio de quem estava atrás
de si, nomeadamente Kovačić
e Pašalić, dois médios de
enorme qualidade que pouco
ou nada conseguiram dar a ní-
vel ofensivo. Os centrais, Vida
e Lovren, são ambos muito
duros de rins e passaram mal,
assim como os laterais. As es-
trelas que vieram do banco,
Brozović e Perišić, trouxeram
algo de novo, mas o mais peri-
goso até foi Petković. * J.M.M.
Desfalcados
e atropelados
ANTÓNIO MENDES
PORTUGAL CROÁCIA