06 LIGA DAS NAÇÕES
6 de setembro de 2020
çDepois de uma exibição destas,
o que há a melhorar?
- Há sempre muita coisa a melho-
rar. Foi um bom jogo da nossa par-
te, com qualidade, mas nunca há
jogos perfeitos. Queremos ser sem-
pre melhores, porque vamos de-
frontar adversários sempre difí-
ceis. Temos de melhorar para po-
der manter o nível que nos levou a
conquistar dois títulos nos últimos
anos. É isso que queremos conti-
nuar a fazer. Foi uma exibição bem
conseguida, a equipa demonstrou-
-me que seria assim durante a se-
mana. Estiveram muitos meses
longe, desligaram, como é normal,
mas uma das coisas que é funda-
mental nesta equipa é o prazer que
todos têm de estar aqui. Sabia que
íamos fazer um bom jogo. Percebe-
-se isso pelo prazer que eles colo-
cam em cada treino. Surpreendeu-
-me pela positiva a forma como a
equipa esteve fisicamente. Mas isso
também aconteceu porque foram
inteligentes a dosear o jogo, no pro-
cesso ofensivo, defensivo, a recu-
perar nos momentos certos, sem-
pre muito compactos. Perante um
grande adversário. Quem obrigou
a jogar mal a Croácia foi Portugal,
nunca lhe demos oportunidade de
pegar no jogo. Sempre muito bem
organizados e criativos com bola.
Podíamos ter saído com um resul-
tado diferente para o intervalo. Na
2ª parte não foi um jogo tão mandão
mas foi bem controlado e sabia que,
com aquela qualidade e fluidez de
jogo, podíamos resolver. As coisas
resultaram bem. - Sem Cristiano, esperava uma di-
ferença assim tão grande entre as
equipas? - A equipa tem jogado sempre
bem, com e sem o Cristiano. Na úl-
tima Liga das Nações ele não esteve
de início e depois, na fase final, es-
teve brilhante. É o melhor do Mun-
do. Acho que a equipa vai mudando
a maneira de jogar e a forma de
atuar e todos os jogadores dão ga-
rantias.
- A opção por Danilo Pereira tam-
bém teve a ver com a influência no
jogo aéreo?- Podia perfeitamente ter jogado o
Rúben. Não tendo o Ronaldo, a
mobilidade ofensiva manteve-se.
Mesmo quando joga, ele não joga
fixo. Quando vemos que o adversá-
rio tem capacidade no espaço aé-
reo, tomamos decisões. Felizmen-
- Podia perfeitamente ter jogado o
te, a minha decisão não é entre um
jogador bom e um assim-assim. A
decisão é sempre entre dois gran-
des jogadores e posso optar me-
diante o adversário ou as limitações
em cada momento. Tenho grandes
jogadores para todas as posições. *
FERNANDO SANTOS
ZLATKO DALIC RESIGNADO COM O RESULTADO
çO que correu mal para este re-
sultado e esta exibição?
- Estivemos sempre atrás, perde-
mos muitas bolas e a defesa tam-
bém não esteve ao seu nível. Toda a
equipa esteve mal. Não consegui-
mos estar perto do que queríamos.
Ainda não temos energia para este
tipo de jogos, não tivemos anda-
mento. Portugal foi sempre melhor
do que nós. - A forma como Portugal jogou
surpreendeu-o?
- A exibição de Portugal não foi
surpresa para nós. Têm um ataque
muito forte e não os conseguimos
controlar. Não estivemos à altura.
Portugal joga muito bem, são um
dos favoritos. São campeões euro-
peus, ganhar esta Liga das Nações é
possível para eles, claro.
- O que poderia ter feito diferente?
- Não havia muito o que mudar.
Demos oportunidade aos mais no-
vos. É o que temos, não podemos
fazer muito mais neste momento.
Vamos analisar e temos de nos pre-
parar para França, um jogo que
também será muito difícil. *
A exibição foi “boa”, mas na opinião do selecionador não “há jogos perfeitos” e “há sempre coisas a melhorar”, até
porque o objetivo é continuar a acrescentar títulos ao currículo. Elogiou jogadores, sobretudo pela inteligência
“Não tivemos andamento...”
+O que demonstrou esta
vitória categórica, ainda
por cima com Cristiano Ro-
naldo a assistir da bancada?
Acima de tudo, aquilo que já
se sabia: Portugal tem jogado-
res de muita qualidade, uma
equipa à altura para qualquer
exigência e um futuro sorri-
dente. Mas também que, sem
CR7, a turma das quinas entra
em campo muito mais des-
complexada e capaz de des-
envolver um jogo mais atrati-
vo, pois os jogadores deixam
de estar constantemente à
procura do capitão.
+Fernando Santos optou
por Diogo Jota e João Félix
para o ataque, deixando An-
dré Silva e Gonçalo Guedes
no banco. Será que a dupla
conquistou o lugar?
Tanto Diogo Jota como João
Félix foram dos melhores em
campo e estrearam-se a mar-
car pela Seleção A. Demons-
traram que têm lugar no onze
e merecem mantê-lo. Mas não
faltam opções para o ataque.
Será mais uma dor de cabeça
para o selecionador.
+A Croácia também jogou
sem Modric ou Rakitic.
Pode, então, dizer-se que o
resultado foi mais por de-
mérito do adversário?
A incapacidade dos croatas
para criar problemas a
Anthony Lopes foi evidente
ao longo de toda a partida (só
marcaram já na fase final e
aproveitando um erro defen-
sivo), mas isso deveu-se mui-
to à consistência da equipa
portuguesa, sempre segura
em todos os sectores. Só as-
sim foi possível encostar os
vice-campeões mundiais às
cordas e construir um resul-
tado que até poderia ter sido
mais volumoso.
Muito mais
do que a equipa
de Ronaldo
José Angélico
Editor
“ESTIVEMOS SEMPRE ATRÁS,
PERDEMOS MUITAS BOLAS E A
DEFESA TAMBÉM NÃO ESTEVE AO
SEU NÍVEL. TUDO ESTEVE MAL”
“FOI UMA EXIBIÇÃO MUITO
CONSEGUIDA, DENTRO
DAQUILO QUE TÍNHAMOS
PREPARADO E DENTRO DO
PADRÃO HABITUAL”
“DURANTE A SEMANA ERA
NECESSÁRIO LEMBRAR
ALGUMAS COISAS, A DEFENDER
E A ATACAR, E OS JOGADORES
DERAM-ME INDICAÇÕES DE
QUE ERAM CAPAZES DE FAZER
UM BOM JOGO PERANTE UMA
CROÁCIA MUITO DIFÍCIL”
“OS JOGADORES
SURPREENDERAM-ME UM
POUCO NO ASPETO FÍSICO,
MAS FOI POR SERMOS MUITO
COMPACTOS. TAMBÉM AÍ
MOSTRARAM INTELIGÊNCIA”
“ELES [FÉLIX, JOTA E TRINCÃO ]
SABEM QUE PODIAM CÁ ESTAR
OUTROS, MAS ESTÃO CÁ ELES
PELA QUALIDADE QUE TÊM.
NÃO OS TRAGO POR ACASO,
TRAGO PORQUE TÊM
QUALIDADE PARA ESTAR AQUI”
“Surpreendido
com o nível físico”
INTERROGATÓRIO
FOTOS JOSÉ GAGEIRO/MOVEPHOTO
JOSÉ MIGUEL MACHADO
PORTUGAL CROÁCIA