Exame - Portugal - Edição 437 (2020-09)

(Antfer) #1
SETEMBRO 2020. EXAME. 45

Opinião


À


medida que
se verificam
novos com-
portamentos
digitais, tor-
na-se evidente o papel fun-
damental dos operadores no
auxílio a uma sociedade que,
para funcionar, necessita de
impecáveis recursos de comu-
nicação digital. A disrupção dos
últimos meses permitiu desta-
car o valor das redes resilientes,
como é claramente reconheci-
do por governos, empresas e
cidadãos.
À medida que este vírus re-
formula o setor de telecomuni-
cações, ao acelerar tendências
que se consideravam viáveis
apenas a longo prazo, é interes-
sante perceber os novos hábi-
tos de uso de TIC que perdura-
rão além desta crise e afetarão
os padrões de tráfego futuros,
bem como o que valorizamos,
como vivemos e trabalhamos.
Num estudo desenvolvido
sobre o tema, 83% dos entre-
vistados afirma que as TIC fo-
ram fundamentais no perío-
do mais agudo da pandemia.
Esse resultado verifica-se com
maior ênfase entre a Geração Y,
pais com filhos, profissionais e
idosos (mais de 60 anos). Três
em cada quatro pais afirmam
que as TIC tiveram um elevado
impacto no acesso dos seus fi-
lhos à educação e a mantê-los
entretidos. Dois em cada três,
entre os que afirmam que a cri-
se teve um elevado impacto na

e empresas. Como publicado
recentemente pelo IEEE, “uma
das principais lições aprendi-
das da pandemia de Covid-19
é que as redes de comunica-
ções em geral, e as comunica-
ções móveis em particular, são
elementos tecnológicos essen-
ciais das sociedades resilien-
tes. Estas ajudaram-nos a so-
breviver, permanecer ligados e
reduziram os danos económi-
cos”. Na Europa, a Comissão
Europeia (CE) confirmou, em
março passado, a ambição de
aumentar a capacidade indus-
trial em infraestruturas digitais
críticas, e em como “o êxito da
implementação de uma rede
5G altamente segura e de ponta
será um grande facilitador para
o futuro dos serviços digitais,
mesmo no centro da onda in-
dustrial de dados”.
O Índice de Economia e
Sociedade Digital 2020, publi-
cado há poucas semanas pela
CE, destaca a posição de lide-
rança de Portugal em redes de
fibra na Europa e cobertura 4G.
O 5G foi criado para a inova-
ção e, como evidenciado pela
importância da infraestrutura
digital nos últimos tempos, os
investimentos em 5G desem-
penham um papel significati-
vo no reinício das economias.
Acreditamos que Portugal deve
alavancar a sua liderança em
infraestruturas de banda larga
para capturar as oportunidades
5G e, assim, enfrentar os desa-
fios da “nova normalidade”. E

5G e o “novo normal”


do pós-Covid


Estamos a navegar em águas desconhecidas.


A Covid-19 forçou um número sem precedentes
de pessoas a mudar o seu local de trabalho, do escritório


para casa, e a habituar-se a novas rotinas


sua vida pessoal, concordam
que a fiabilidade das ligações os
ajudou a trabalhar remotamen-
te. Quanto aos idosos, três em
cada quatro também afirmam
que as TIC ajudaram a manter
o contacto com a família e os
amigos.
À medida que consumido-
res e empresas experimentam
comportamentos digitais im-
postos pela “nova normalida-
de”, aumenta a relevância de
áreas tão inovadoras como a
saúde eletrónica, aplicações de
bem-estar, e-learning, acesso a
dados do setor público e servi-
ços utilitários digitais.
O comportamento dos con-
sumidores mudou parcialmen-
te, aumentou a procura por
serviços de videochamada e
videoconferência, em especial
entre os “colarinhos brancos” e
idosos. Os dados apontam para
que 85% dos consumidores re-
corram a estes serviços, que são
agora a segunda forma mais
utilizada para contactar fami-
liares e amigos. É provável que
esse comportamento continue
e permaneça estabelecido após
o término da crise.

QUAIS SÃO AS EXPECTATI
VAS DO CONSUMIDOR DAS
REDES 5G?
A pandemia levou à adoção e
ao uso de muitos serviços de
TIC, que permitiram que os
consumidores construíssem
um “novo normal” sustenta-
do pela conectividade. Isso

também criou uma base en-
tusiasmante para o papel que
o 5G poderá desempenhar no
enriquecimento de serviços e
na gestão de uma crise como
a que vivemos. Não por aca-
so, seis em cada dez utilizado-
res de smartphones têm uma
atitude positiva em relação ao
papel que o 5G poderia ter de-
sempenhado durante a crise, e
quatro em dez consumidores
concordam firmemente que a
cobertura 5G deve ser lançada
muito mais rapidamente. Tam-
bém acreditam que a socieda-
de poderia ter já beneficiado
do 5G. O mesmo em relação
ao seu papel do ponto de vis-
ta médico, por exemplo, para
controlar equipamentos médi-
cos através de centros remotos,
ou então através de robôs habi-
litados para 5G que poderiam
ter realizado testes e, com isso,
reduzir o tempo que a equipa
médica necessita de despender
em espaços infeciosos.
Embora em alguns mer-
cados o crescimento das assi-
naturas 5G tenha diminuído
como resultado da pandemia,
isso é superado nos mercados
em que se regista uma acelera-
ção, o que permite prever um
aumento das assinaturas glo-
bais de 5G no final de 2020.
No entanto, o sucesso do 5G
não pode ser medido apenas
nas assinaturas. O valor que
agrega é determinado pelo su-
cesso de novos casos de uso e
aplicações para consumidores

> Head of Digital Services
da Ericsson Portugal

POR


NUNO ROSO

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