o Sporting”
pal. Também estou orgulhoso
com isso.
Como vai ser o Sporting do
Rui Silva?
—Vamos ter um Sporting
competitivo, à imagem dos
últimos anos. O Sporting é
obrigatoriamente candidato a
todos os títulos em Portugal e
este ano não será diferente.
Queremos ganhar o campeo-
nato, até porque dá acesso à
prova que agora é mais elitista,
a Liga dos Campeões. Quere-
mos também a Taça de Portu-
gal, e ao mesmo tempo sabe-
mos que vamos entrar num
formato diferente da Liga Eu-
ropeia. Curiosamente, a Im-
prensa espanhola chamou-lhe
a mini-Champions, o que no
fundo é verdade, porque tem
grandes nomes, inclusive o
Montpellier, que há poucas
épocas foi campeão europeu.
Será um desafio muito bom
para o Sporting e acredito num
ano de sucesso.
Ter obrigatoriamente de
ganhar não intimida um
treinador de 37 anos?
—Não, porque tenho isso em
mim. Estou no Sporting e sin-
to-me obrigado a ganhar, mas,
quando estava no ISMAI, tam-
bém me sentia obrigado a ga-
nhar.
Mas não é a mesma
pressão...
—A pressão é externa, não é
interna. Ou seja, sabemos que,
quando estamos num projeto
como este, toda a gente quer
ganhar, são os adeptos, os só-
cios, a imensa gente que sim-
patiza com o clube, e nós tudo
faremos para que isso aconte-
ça. Mas temos de estar convic-
tos de que isto é a nossa profis-
são e é assim que olho para
isto, é a minha profissão, em
que terei dias felizes, outros
menos felizes, da mesma for-
ma que aconteceu ao meu pai,
que era vendedor, ou ao padei-
ro da padaria do lado.
“Os jogadores
estrangeiros que
vinham para
Portugal eram
atletas já com
idade avançada e
que procuravam
um campeonato
mais tranquilo”
“Começamos a ter
jogadores de
referência em
idades fortes,
interessados em
conhecer os
projetos de
Sporting, FC
Porto e Benfica”
“Gostava de sair
do Sporting com
trabalho feito e
que quem vier
encontre o clube
diferente do que
eu encontrei”
bbb Rui Silva já foi adjunto de
dois técnicos consagrados.
O Rui Silva é um treinador
na linha de Obradovic e
Anti?
—Bebi muito do Obradovic,
mas também é verdade que já
tinha um pouco do perfil dele.
O engraçado é que eu traba-
lhei com dois monstros do an-
debol, mas já tinha ideias mui-
to próximas das deles. Não
vou copiar o Obradovic nem o
Thierry [Anti], mas sou uma
pessoa que tirou o máximo da-
quilo que entendia que era o
melhor do Obradovic e fiz o
mesmo com o Thierry, tal
como com outros treinadores
que passaram por mim, como
o Ricardo Tavares, ou o Pokra-
jac, que já faleceu.
Que ideias eram próximas?
—Houve algo que me espan-
tou imenso, o facto de eu e o
Thierry vermos o ataque exa-
tamente da mesma forma.
Como veem o ataque?
—O ataque é um processo
muito simples, baseado na
qualidade individual do atleta
e aí incluo a inteligência táti-
ca. O atleta tem as armas, o
passe o remate, mas mais im-
portante é ele saber o que fa-
zer com elas durante a bata-
lha.
Tem mais referências?
—Ganhei um vício com o se-
lecionador, que foi meu trei-
nador na formação do FC Por-
to. Ele tem o hábito de estar de
cócoras e ganhei esse hábito.
Mas o Paulo Jorge Pereira foi
alguém que me influenciou,
pela forma como organiza e
controla o jogo. Mas há mais
excelentes treinadores portu-
gueses e não posso deixar de
falar de Carlos Resende, Ricar-
do Costa, Paulo Faria, ou do
Carlos Martingo, que está no
FC Porto.
Assume ter retirado o
melhor de Obradovic e de
Anti, diz que já tinha
algumas ideias parecidas
com as do sérvio e do
francês e elogia os treina-
dores portugueses,
deixando alguns nomes
Rui Silva fez
questão de
que a sua
primeira
grande
entrevista
fosse no
Porto – e o
cenário
escolhido
foram os
jardins do
Palácio de
Cristal –
como
homena-
gem ao pai,
Domingos,
um por-
tuense
como ele
Tem casa
em Vila
Nova de
Gaia, mas
vive há mais
de um ano
em Lisboa.
Sempre que
tem folga,
vai a casa
ver a
família: a
mulher,
Cátia, e os
dois filhos,
Tomás e
Rodrigo
“Trabalhei com dois
monstros do andebol”
“O Gilberto é uma
coisa deliciosa”
bbb Desde a ascensão de Gil-
berto Duarte, que joga no
Montpellier (campeão euro-
peu há dois anos) e já passou
por Barcelona, que a pergunta
é recorrente.
Quem é o melhor jogador
português de sempre?
—Essa é uma pergunta difí-
cil... Eu sei que o favorito será
sempre o Carlos Resende, pelo
jogador que foi e pela ainda
melhor pessoa que é, mas são
tempos diferentes, o andebol
é diferente e não vejo o Carlos
a ter tanto sucesso num ande-
bol tão físico e tão rápido como
o de hoje, como não vejo o Gil-
berto a ter tanto sucesso no
tempo do Carlos.
Mas a dúvida é apenas
entre esses?...
—Menciono só estes dois no-
mes. O Carlos é um senhor do
andebol, tive o privilégio de
treinar com ele no FC Porto, e
depois o Gilberto Duarte, por-
que é um jogador extrema-
mente completo, que defende
em qualquer zona, no ataque
consegue ser atirador, sabe jo-
gar com o pivô, faz um contra
um, é uma coisa deliciosa. Ele
é um jogador com uma inteli-
gência tática fenomenal.
Rui Silva não diz
quem é o melhor
jogador português
de sempre e fala em
tempos diferentes
Um plantel igual
ou mesmo superior
Jens Schongarth , Darko
Djukic, Dmytro Doroschuk
e Théo Clarac são os quatro
novos estrangeiros do
Sporting. “Na ponta direita,
temos o mesmo nível ou
superior, pois o Darko jogou
no Kielce e no Brest e é
internacional sérvio; o Jens
é um lateral muito
completo, internacional
alemão e já bastante
experiente. É bom defensor,
tem remate muito forte e é
um lateral-direito muito
superior aos que cá estavam;
o Doroschuk veio substituir
o Frade, tem muita
experiência, é bom defensor
e dá-nos peso e altura; e o
Théo é um jovem francês,
que foi detetado pelo Anti
no ano passado e quis vir
para Portugal.
O foco de Pereira
fez o “muito difícil”
“Eu sei que o Paulo [Jorge
Pereira] é muito focado e
acredita bastante no que diz
e sei qual o discurso que teve
com os atletas, que foi
acreditar, acreditar e
acreditar. Mas, se formos
realistas, olhando para o
peso das seleções da França e
da Noruega, era muito, mas
mesmo muito difícil, o que
valoriza ainda mais o que foi
conseguido”, diz Rui Silva
sobre o sexto lugar de
Portugal no Europeu do
passado mês de janeiro.
BREVES
“Espero que
o Carlos
[Martingo]
possa ter
um destino
idêntico ao
meu no FC
Porto. Pelo
profissional
que ele
é e pela
dedicação
dele à
modalida-
de, merece”
Rui Silva
Treinador do
Sporting
ENTREVISTA
Amin Chaar/Global Imagens
Amin Chaar/Global Imagens
Segunda-feira, 7 setembro 2020
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