Record - 20200908

(PepeLegal) #1

12 BENFICA
8 de setembro de 2020


JUNTO DO GOVERNO

çO movimento ‘Servir o
Benfica’ vai pedir uma audiên-
cia ao secretário de Estado do
Desporto e Juventude, com ca-
ráter de urgência, face à intro-
dução do Cartão do Adepto já a
partir da próxima temporada. A
lista encabeçada por Francisco
Benitez pretende saber de que

forma é que “vão ser salvaguar-
dados os dados fornecidos pelos
adeptos”, como é o caso do
nome, fotografia ou morada de
residência. O movimento
questionará também o Governo
sobre “se não existirão formas
mais eficazes de garantir o con-
trolo e acesso aos estádios”. *

Movimento pede audiência


çO Benfica já está a planificar
meticulosamente o possível re-
gresso do público ao Estádio da
Luz, ainda que, naturalmente,
com a capacidade muito reduzi-
da. Ao que foi possível apurar, os
encarnados têm vindo a estudar
todas as formas e medidas que te-
rão de adotar para viabilizar este
retorno dos adeptos aos jogos,
sempre de acordo com as exigên-
cias que venham a ser comunica-
das por Liga, FPF e Direção-Geral
da Saúde neste sentido.
Os responsáveis encarnados
acreditam que o reduto das
águias tem todas as condições
para proceder a este regresso


progressivo em segurança, den-
tro das limitações impostas pela
pandemia do novo coronavírus,
e vão desde já tentando ganhar
tempo. Afinal, dessa forma, caso
as autoridades de saúde viabili-
zem a presença de adeptos no fu-
tebol nos jogos da Liga, o Benfica
já terá praticamente tudo pronto
para atuar no terreno.
A Liga arranca para as águias
no próximo dia 18, em Famali-
cão, sendo que o primeiro jogo na
Luz está agendado para dia 26


deste mês, ante o Moreirense.
De resto, o facto de ter acolhido
jogos da fase final da Liga dos
Campeões – numa organização
da UEFA, ainda sem público –
também já serviu aos responsá-
veis do emblema da Luz para
perceber alguns detalhes logísti-
cos que podem ser executados
para garantir a segurança de to-
dos os elementos presentes no
estádio. A Liga tem vindo a insis-
tir no pedido do regresso dos
adeptos aos estádio, sendo que a
DGS já veio a lume esclarecer que
quer primeiro avaliar como cor-
re o regresso às aulas para depois
tomar decisões nesse sentido. *

Encarnados já estudam


todas as medidas de


forma a que, se houver


aval, tudo esteja pronto


DGS QUER AVALIAR PRIMEIRO
COMO CORRE O REGRESSO
ÀS AULAS PARA DEPOIS
SE DEBRUÇAR SOBRE O FUTEBOL


COM CAPACIDADE REDUZIDA

APOIO. A retoma na última época foi feita com cachecóis nas cadeiras

LUÍS MANUEL NEVES

çRui Gomes da Silva manifes-
tou-se insatisfeito com a respos-
ta do presidente da Mesa da As-
sembleia Geral (MAG) do Benfica
(MAG), relativamente à transpa-
rência das eleições. Segundo o
candidato à presidência, não está
assegurada a “total confidencia-
lidade do voto de cada sócio”, a
“inexistência de voto múltiplo” e


a “ garantia do controlo e recon-
tagem de votos”.
O antigo vice-presidente das
águias garantiu que a carta assi-
nada por Virgílio Duque Vieira
não incluiu recomendações que
expressou na missiva direciona-
da à MAG como “protocolos de
comunicação de rede”, “arqui-
tetura utilizada no desenvolvi-

mento do sistema informático e
tecnologias para o seu desenvol-
vimento”, tal como “manuais de
utilizador e de administrador”.
Na publicação partilhada no
Facebook, Gomes da Silva ex-
pressou ainda que a “BTV deve-
ria estar a convidar as candida-
turas a ir ao canal expor os pontos
de vista”. *

MAG não convence Gomes da Silva


QUANTO ÀS MUDANÇAS NAS ELEIÇÕES


O admirável


Rui Pinto


A LUZ INTENSA
Pedro Adão e Silva Professor Universitário

ç Há dias, no início do seu
julgamento, Rui Pinto,
numa declaração escrita,
afirmou que não era um
‘hacker’ e sim um ‘whistle-
blower’. A distinção é impor-
tante, mas tem escassa ade-
são à realidade. Por defini-
ção, um ‘whistleblower’ tra-
balha na organização em re-
lação à qual denuncia ilíci-
tos. Por isso mesmo, esta
condição está protegida, de-
signadamente em matéria
laboral. Que se saiba, Rui
Pinto nunca foi funcionário
da Doyen, da Sonangol, da
PLMJ e muito me surpreen-
deria se, em algum momen-
to, tivesse trabalhado para o
Benfica. Mas faz sentido que
se queira passar por aquilo
que não é: afinal está a ser
julgado por crimes cometi-
dos enquanto ‘hacker’, al-
guém que se intrometeu de
forma abusiva nas redes pri-
vadas de uma organização.

Estou longe de desvalorizar
o efeito corrosivo da corrup-
ção nas nossas sociedades. E,
se há progresso social a que
temos assistido em Portugal,
ele reside, precisamente, na
exigência de maior escrutí-
nio em relação à alta finança,
ao poder económico e políti-
co e, também, ao que se passa
no mundo do futebol. Julgo,
aliás, que é uma tendência ir-
reversível e que está a chegar
mesmo às esferas de poder
que se julgavam intocáveis.

Mas uma coisa é defender
um escrutínio apertado a to-
das as esferas de poder, ou-
tra, bem distinta, é em nome
desse desígnio colocar em
causa alicerces fundamen-

tais de um Estado de direito.
Há, aliás, uma ponderação de
valores que não pode deixar
de ser feita: que bem maior é
esse que deve levar a que sus-
pendamos mecanismos pro-
cessuais que nos protegem a
todos face à arbitrariedade
em que, por definição, assen-
ta a justiça feita por priva-
dos? Ainda para mais, como é
o caso, assente ela própria
em práticas ilícitas, como
seja a violação da correspon-
dência privada, designada-
mente a que é trocada, ao
abrigo do sigilo profissional,
entre advogados e clientes.
Se cedemos nesta matéria,
enveredamos por um cami-
nho perigoso, em que a Justi-
ça passará a fundar-se na dis-
cricionariedade.

A este propósito vale sempre
a pena recordar a frase de re-
miniscências bíblicas que
está vertida no processo pe-
nal das sociedades liberais:
“Não há árvore má que dê
bons frutos.” Um princípio
que devemos levar a sério –
provas obtidas de forma pri-
vada e ilícita incorrem em ris-
cos e afastam-nos de uma
Justiça que protege todos, em
particular quem nada teme.

A Justiça portuguesa tem
muitos problemas, estrutu-
rais e graves, mas pensar que
os superamos suspendendo
princípios basilares de uma
sociedade decente é não só
equívoco como contrapro-
ducente. Ao glorificarmos a
ação de um ‘hacker’, limita-
mo-nos a acrescentar mais
problemas aos muitos que já
existem, também no mundo
do futebol.

ÁGUIA PLANEIA


PÚBLICO NA LUZ


O campeonato francês foi o pri-
meiro da Europa a arrancar e foi
também pioneiro no regresso
dos adeptos aos estádios. Aliás,
já na final da Taça de França, que
opôs o PSG ao Saint-Étienne,
cerca de 2.800 adeptos estive-
ram nas bancadas do Stade de
France, num ensaio para o que
veio a confirmar-se nos jogos do
campeonato. O limite é de 5 mil
adeptos, sendo que os gauleses
vão para a terceira jornada.

França serve
de exemplo

FILIPE PEDRAS
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