LIGA DAS NAÇÕES 07
9 de setembro de 2020
çQue análise faz ao jogo?
- Foi uma vitória justa num jogo
com altos e baixos. Na sua totalida-
de, o encontro foi controlado por
Portugal. Os primeiros 20 minutos
foram muito difíceis. Sabíamos o
que a Suécia fazia, do seu futebol di-
reto e com os alas por dentro no
apoio à segunda bola. Tivemos difi-
culdades em controlar essa situa-
ção. Ganharam a segunda bola e
chegaram muitas vezes próximo da
nossa área. Limitaram-nos a capa-
cidade para sair a jogar e de trocar a
bola. Depois encontrámos melhor a
forma de resolver o problema e co-
meçámos a controlar o jogo. Claro
que a expulsão foi fundamental,
porque além disso também houve
golo. Ao intervalo disse aos jogado-
res que a Suécia não se ia render e ia
continuar com dois avançados e
com os alas a fechar por dentro. Foi
o que aconteceu. Faltou fulgor à
equipa. Tivemos algumas situações
em que poderíamos ter sido mais
rápidos a criar mais condições do
que aquelas que criámos. Houve al-
gum cansaço e isso reflete-se mais
na forma rápida de pensar do que na
de executar. Demorámos mais al-
gum tempo que não é normal neste
tipo de jogadores. - Que dizer de Ronaldo, que bateu
mais um recorde? - Não há mais nada a dizer. Uma
equipa que tem o melhor do Mundo
não pode ser melhor sem o melhor
do Mundo. Não há volta a dar. - O Bernardo já tinha apresentado
alguma queixa antes do jogo? - Se ele tivesse dificuldades antes
do jogo, nem tinha jogado. Pergun-
tei aos jogadores na conversa mati-
nal se tinham alguma limitação,
disseram-me que não. Tirei-o rá-
pido, porque um jogador disse-me
que ele tinha de sair, que era uma
lesão impeditiva de jogar. Não dava
para esperar. Ele terá feito uma le-
são muscular ou microrrutura,
nem sei bem. Isso é com o departa-
mento médico.
- Como é trabalhar com Ronaldo,
um jogador que já marcou mais de
100 golos pela Seleção? - É um prazer. Treinei-o quando
ele tinha 18 anos no Sporting, antes
de ir para o Manchester United. In-
felizmente ele saiu logo no início da
época, foi uma pena. Já nessa altura
se previa que seria um fenómeno. É
o que ele é. Ele é um batedor de re-
cordes. Quando todos acham que
ele vai acabar, ele arranja mais um
para bater. É a motivação dele.
Fome? De títulos. Vem do ADN
dele. Já quando tinha 18 anos era
assim e vai continuar a ser nos pró-
ximos anos. Quer ganhar mais,
mais e mais. *
FERNANDO SANTOS
JANNE ANDERSSON LAMENTA VERMELHO E O 0-
çComo se sente após este resul-
tado?
- Nunca é bom perder um jogo. Es-
tamos chateados, mas gostei muito
da atitude dos meus jogadores. De-
mos luta a Portugal e fomos melho-
res em vários momentos do encon-
tro. Claro que depois surgiu o Cris-
tiano, é um dos melhores jogadores
do Mundo e foi ele que decidiu o
jogo. - Se não tivesse havido a expulsão,
as coisas poderiam ter sido dife-
rentes?
- Claro. O momento da expulsão foi
a chave do jogo. Até aí estávamos
bem e Portugal passou por dificul-
dades. É um lance decisivo, porque
não só ficámos com menos um
como também sofremos o golo.
Depois tudo ficou mais difícil. Na
segunda parte tentámos montar a
equipa de forma a não ficarmos de-
sequilibrados e creio que funcionou
bem. Os jogadores estão tristes,
mas conscientes de que fizeram um
bom trabalho. Vamos voltar mais
fortes e queremos continuar a dar
réplica a seleções de grande nível. *
Já faltam palavras para descrever Ronaldo e os seus recordes. Mas há algo de que não duvida: “Vai continuar
assim nos próximos anos. Quer ganhar mais, mais e mais”. E, ontem, ganhou, num jogo em que “faltou fulgor”
“Momento da expulsão foi chave”
+É desta que os teóricos do
“Portugal é melhor sem Ro-
naldo” ficam sem argumen-
tos?
A grande exibição de sábado
diante da Croácia, sem o capi-
tão, deu largas a essa tese.
Mas um jogo bastou para que
Ronaldo trouxesse todos de
volta à realidade: o madeiren-
se é uma máquina demolido-
ra, capaz de inventar golos do
nada e ganhar jogos sozinho.
Foi o que aconteceu ontem
em Solna, no mesmo estádio
onde fez uma das melhores
exibições da carreira, em 2013.
Com Ronaldo, há diferenças
na forma de jogar de toda a
equipa e outros jogadores a
brilhar menos – mas isso não
é necessariamente mau.
+A lesão de Bernardo Sil-
va, cedo no jogo, foi um pro-
blema?
Podia ter sido, pela capacida-
de que o canhoto do Man-
chester City tem para segurar
a bola e pautar os ritmos.
Gonçalo Guedes é outra coisa
totalmente diferente: verti-
gem pura. A expulsão de
Svensson, ainda na primeira
parte, acabou por beneficiar
muito o jogador do Valencia
(e a Seleção...), muito impor-
tante a abrir brechas na defe-
sa contrária.
+O golo à Croácia ajudou a
libertar João Félix?
Continua com imensa vonta-
de de jogar, de se mostrar com
a camisola da Seleção. Ontem
esteve duas vezes perto do
golo. Não o conseguiu, mas
isso não retira brilho à sua
exibição: da esquerda para o
meio ou mais solto na frente,
mostrou uma vez mais o seu
imenso talento. E entende
cada vez melhor o seu papel
na equipa de Ronaldo.
Certas teorias
perdem
argumentos
Sérgio Krithinas
diretor adjunto
“CRISTIANO É UM DOS
MELHORES JOGADORES
DO MUNDO E FOI ELE QUEM
ACABOU POR DECIDIR O JOGO”
“NOS PRIMEIROS 20 MINUTOS
TIVEMOS MUITA DIFICULDADE,
NÃO CONSEGUIMOS ACERTAR
COM A FORMA COMO ELES
ESTAVAM A JOGAR”
“DEPOIS, COMEÇÁMOS A
MELHORAR, A TER BOLA, A
OBRIGAR OS SUECOS A CORRER
ATRÁS DELA E O JOGO TORNOU-
-SE MAIS FÁCIL PARA NÓS”
“NÃO ACHO QUE VÁ SER UM
DUELO A DOIS COM FRANÇA. A
CROÁCIA EM CASA VAI SEMPRE
QUERER MOSTRAR A SUA
QUALIDADE”
“OBVIAMENTE QUE A
EXPULSÃO FOI FUNDAMENTAL
NESTE JOGO, APESAR DE
ACREDITAR QUE PORTUGAL
VENCERIA NA MESMA, QUE
ENCONTRARIA OS ANTÍDOTOS
PARA GANHAR”
“RONALDO? TODOS SABEM. É
UMA VERDADE DE ‘LA PALICE’.
CRISTIANO RONALDO É ISTO! O
MELHOR DO MUNDO”
“É um fenómeno
desde os 18 anos”
INTERROGATÓRIO
FOTOS PAULO CALADO
JOSÉ MIGUEL MACHADO. ESTOCOLMO
SUÉCIA PORTUGAL