Crusoé - Edição 124 (2020-09-11)

(Antfer) #1

chantagem” seria, na leitura dos procuradores, o valor alto que, segundo Marcelo, foi
pedido para resolver o imbróglio. No depoimento, o empreiteiro confirma a suspeita e
reafirma o que já havia explicitado nos e-mails: ele propôs pagar de 20% a 25% do
valor exigido de imediato pelos intermediários e deixar o restante para depois.


A Odebrecht, diz Marcelo, faria uma espécie de vaquinha com outras empresas
interessadas no tema para pagar a diferença. O expediente é similar ao que ele usou ao
atender, em outra situação, a um pedido de propina feito por Antonio Palocci, o
“Italiano” das planilhas da empreiteira. No dia seguinte à mensagem do “número da
chantagem”, Marcelo Odebrecht reforça, em um novo e-mail: “E a meta ficou claro
(sic): Vencer ou postergar julgamento S e os vetos do jeito que queremos?”. É Adriano
Maia, o suposto “amigo” de Toffoli, quem responde: “Ficou”. As metas, na leitura dos
procuradores, eram postergar o julgamento no STF, supostamente com a ajuda da
AGU, ou evitar os vetos do Planalto. Nenhuma delas foi alcançada, o que, registra a
peça da Lava Jato, “não afasta a existência da negociação em si, bem como da
promessa de atuação”.


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O outro dos dois temas principais dos e-mails de Marcelo Odebrecht, a questão das
hidrelétricas do rio Madeira, se desenrola em 2007. Nesse caso, os interesses da
empreiteira eram vários. Muitos se sobrepunham. E quase todos passavam, de alguma
forma, pela AGU. Pode-se dizer que a já conhecida mensagem em que Marcelo se

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