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Por eleições antirracistas


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Bianca Santana


No dia 25 de agosto, em resposta à consulta da
deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o TSE aprovou
distribuição proporcional do fundo eleitoral e do tempo
de propaganda para candidaturas negras a partir de



  1. Instituto Marielle Franco, Mulheres Negras
    Decidem, Educafro e Coalizão Negra por Direitos
    haviam feito campanha em apoio. E, em 10 de
    setembro, atendendo a pedido da Educafro,
    representada pelo PSOL, Ricardo Lewandowski,
    ministro do STF, decidiu que a proporcionalidade vale já
    nas eleições de 2020.


A vitória comemorada pelo movimento e por
candidaturas negras tem sofrido questionamento de
parte dos que se dizem aliados da luta antirracista. "A
medida vai beneficiar também as candidaturas negras
que não estão comprometidas com a pauta racial?" Vai
sim. Mas essa diversidade de posições políticas não
pode ser mais um dos privilégios brancos. Negras e
negros, em sua humanidade, também são diversos. O
que nos desumaniza é o mesmo racismo que até hoje
não permitiu alcançarmos nem um quarto de


parlamentares negros na Câmara dos Deputados ou
termos representatividade nas câmaras municipais,
quando somos mais da metade da população do país.

Após o assassinato de Marielle Franco, o número de
candidaturas de mulheres negras cresceu 93% em
relação a eleições anteriores, mas isso não se traduziu
em aumento significativo no número de eleitas. Das 513
cadeiras da Câmara, 10 estiveram ocupadas por
mulheres negras em 2014 - e o número subiu para
apenas 13 em 2018.

Apesar de terem sido 12,9% das candidatas, receberam
só 6,7% dos recursos do fundo eleitoral, distribuídos de
acordo com os critérios de cada partido. Os homens
negros, 26% dos candidatos, receberam 16,6% dos
recursos. Já mulheres brancas receberam os exatos
18,1% de recursos proporcionais aos 18,1% das
candidaturas; os homens brancos, 43,1% entre os
candidatos, abocanharam 58,5% do fundo. Não à toa,
há um grupo populacional sobrerrepresentado na
política brasileira, sejanas casas legislativas, seja nos
cargos, seja nas candidaturas ao Executivo.

O acúmulo do movimento negro brasileiro, presente na
importante decisão por proporcionalidade que ainda
precisa ser efetivada, deve ser considerado
especialmente na urna para que tenhamos um resultado
eleitoral negro e antirracista. "Não vote em branco. Vote
no preto", já convidava Abdias Nascimento no pleito de


  1. Passados 70 anos do convite, 132 da Lei Áurea e
    131 da República, conquistaremos no voto a igualdade
    de direitos políticos que só existe no papel? Ou a
    autodeclaração de antirracista nas redes sociais nos
    basta?


Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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