ta reorganização da estrutura. Conforme o costume, os rapazes Thepong
tinham reconstruído o Yo (Casa das Moças) das moças Bala. Tinham
assim adquirido um privilégio que lhes permitia cortejar as moças Bala
em seu Yo. Perceberam que suas amigas recebiam igualmente rapazes
Ang·ban, que não pOdiam contudo prevalecer·se do mesmo direito. De·
pois de censuras inúteis, os Thepong invadiram o Yo e derrubaram as
plataformas de bambu que serviam de camas. As moças ultrajadas re·
clamaram então o pagamento de uma multa, coisa que os rapazes recu-
saram, a menos que também elas se submetessem à multa, por terem
recebido ilegalmente os Ang-ban. Os ãnimos excitaram-se de ambos os la-
dos e finalmente as relações foram rompidas entre os rapazes Thepong
e as moças Bala. Os dois grupos não cantam nem dançam mais juntos,
vão separadamente aos campos e não trocam mais presentes. Nestas con-
dições, é o clã Ang·ban - que soube manter boas relações com os The-
pong assim como com os Bala - que se interpõe entre os dois e evita
a interrupção do circuito das prestações de serviços. Por sua parte, os
Bala e os Thepong abrem um novo ciclo de relações com outros morung."
Igualmente típico é um outro incidente que os narradores fazem
remontar ao começo do século. Os homens do morung Bala tinham·se
tornado insuportáveis por sua arrogância e espírito rixento. Um deles
caiu um dia em uma armadilha de caça montada por um homem de
Chingtang e morreu das conseqüências dos ferimentos. Embora se tra-
tasse somente de um acidente, os Bala juraram tirar vingança. Os outros
morung intercederam junto aos Bala para que se contentassem com uma
pesada multa. Os Chingtang declararam·se prontos a pagar, os Bala re-
cusaram-se, fizeram uma emboscada e mataram por engano uma mulher
de Wanching em lugar de Chingtang que esperavam.
Os outros morung perderam então a paciência. Era preciso que os
Bala entregassem os culpados aos Wanching, do contrário seria a guerra
entre as duas aldeias. Mas os assassinos fugiram e os Bala preferiram
satisfazer os Wanching comprando um escravo cuja cabeça serveria para
vingar o assassínio.
O incidente poderia, portanto, parecer resolvido. Contudo, as rela-
ções entre Bala e Thepong foram piorando e uma desavença sobre a
propriedade de uma canção acabou em batalha. Os dois morung lutaram
encarniçadamente, não só a golpes de pau, como é de hábito nos com-
bates deste gênero, mas também a golpes de pedras. Os Bala atacaram
mesmo seus adversários com lanças e feriram vários. Furiosos por esta
violação das regras, um Thepong matou um Bala.
Toda esperança de paz estava desde então perdida. Os quatro mo-
rung, Oukheang, Thepong, Balang, e Ang-ban decidiram acabar de uma
vez por todas com os autores das perturbações. Mas, como é proibido
destruir um khel de sua aldeia, dirigiram-se ao Ang de Chi para execu-
tarem a operação em lugar deles. Os Ang de Chi aceitaram, com a con-
dição de que o povo de Wakching colocasse um jovem irmão de Chi à
frente de seus próprios Ang. Foi nessas condições que o khel dos Bala foi
incendiado e seus membros dispersos_
Entretanto, os Bala não desapareceram de todo. Alguns encontraram
refúgio entre os Balang, embora estes tivessem participado da conjura-
- Ibld., p. 364.
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