masculino do clã, que exerce sobre ela os direitos maritais. No direito
Katchin, propriamente falando, não existe pois divórcio. O melhor meio
de resolver os problemas deste tipo é fornecer uma mulher em substi.
tuição." Inversamente, se um pretendente pede uma jovem irmã em
lugar da irmã mais velha deve pagar um preço mais alto, por exemplo,
dar um búfalo a mais." O mesmo autor acrescenta: "As vezes, em casos
de discórdia na familia, e a fim de acabar com esta situação, os pa-
rentes trocam a primeira mulher, demasiado indócil, por uma de suas
jovens irmãs que, esperam, será mais fácil de contentar. A irmã mais
velha deve entregar à. caçula todas as suas jóias, e esta última toma
'2ntão o lugar dela". I', Indica-se também que os irmãos casam-se habi-
tualmente com as viúvas de seu irmão, e um sogro casa-se com sua
nora quando esta fica viúva, o que mostra que o uso coincide com a
terminologia. Se uma mulher se recusa a viver com o marido e se todos
os esforços da familia para obrigá-la a voltar ao domicílio conjugal mos·
tram-se vãos, há obrigação de dar outra mulher em lugar dela. c", Carra-
piet cita um caso julgado pelo tribunal da circunscrição, que mostra
bem o aspecto coletivo e reciproco da dívida conjugal: o queixoso é a
viúva do primo do defensor, morto um ano antes. Ela pede o divórcio
contra a família do defensor, urna vez que nenhum dos membros mas-
culinos da referida família a tomou por mulher. CI Inversamente, se o
irmão da mãe não tem filha para casar deve procurar uma mulher para
seu sobrinho entre suas outras parentas. Se, ao contrário, um sobrinho
se recusa a casar-se com a prima deve pagar uma indenização ao tio
ofendido. E se a mulher morre depois do casamento, o marido tem o
direito de exigir de seus sogros (tio e tia), uma outra mulher. Estes
dão-lhe uma filha ou urna parenta como esposa. Em caso de adultério,
aliás, o clã do sedutor é solidariamente responsável pela indenização
devida ao marido ofendido. c-o
O fato de ninguém se casar com um indivíduo é coisa que ressalta
bem do costume do pedida de casamento. "Os Anciãos (salang) são
enviados pela família do pretendente à família cuja aliança é desejada.
Se os pais tiverem boa disposição, os salang roubam os adornos e os
objetos de uso pessoal de todas as moças elegíveis, flores, betel, tabaco,
pentes, e os levam para a aldeia do pretendente, onde um ningwawt
executa um rito divinatório para saber qual é a moça preferível".: I Gi-
lhodes dá outras indicações. O casamento faz a mulher entrar na família
do lnarido, da qual, de certa maneira, torna-se propriedade. Se o
marido morre a mulher não tem liberdade para voltar à casa de seus
pais, ou casar-se novamente com um homem que escolha. Fica à dispo·
sição de seus dama nis, quer passe para um cunhado quer para um
primo do marido, ou então um cunhado casado a tome como segunda
IB. Ch. Gilhodes, op. cit .. p. 212. Trata·se do mythrtn, ou bos trontalis. - Cf.
também Carrapiet, op. cit., p. 73: "Considera-se injurioso que uma irmã caçula seja
pedida em casamento antes de outra mais velha e fazem-se os maiores esforços -
nem sempre coroados de suces~o - para evitar este acidente".
- Ibid .. p. 222·223.
- Nota de T. F. G. Wilson a Carrapiet, op. cit., p. 37.
- W. J. S. Carrapiet, op. cit., p. 117.
- H. J. Wehrli, op. cit.. p. 28.
- W. J.·S. Carrapiet, op. cit., p. 32-33.
- Ch. Gilhodes, p. 227; é preciso fazer restrições a esta interpretação, que não
parece corresponder à realidade. Cf. adiante. p. 300.
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