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um nome de família ou de clã. Não se deve esquecer, com efeito, que
as famílias principais, por sua genealogia, remontam aos fundadores ml·
ticos dos grupos principais, cujo nome podem invocar para si. O povo
divide·se em um grande número de clãs, que não são unidades territo·
riais. Os membros de um mesmo clã podem prender·se a grupos prin-
cipais, e mesmo a senhorias, diferentes, acrescentando ao nome clânico
o do grupo principal, e eventualmente o do senhor de que dependem. '"
O nome clãnico propriamente dito é sempre conservado. Quando um Szi-
Chumlut, isto é, um membro da tribo Szi (grupo que apresenta afini-
dades acentuadas com os Katchin propriamente ditos) e do clã Chumlut
se estabelece no território de um chefe Maran torna-se um Maran-Chum-
lut. Wehrli conclui, juntamente com George, que existe a prioridade
histórica da organização clãnica sobre a divisão, atualmente predomi-
nante, em cinco grupos. ",
O conjunto dos fatos sugere uma evolução do mesmo tipo daquela
que parece se ter produzido no Peru pré-colombiano, onde uma organiza-
ção clãnica primitiva viu um sistema de linhagens, de caráter cada vez
mais feudal, superpor-se progressivamente a ela. Na verdade, a sociedade
Katchin revela à análise três formações principais: primeiramente o clã,
que só aparece entre as pessoas comuns e que. mesmo entre estas, reduz-se
a um nome transmitido em linha paterna. Temos em seguida as cinco
grandes divisões, fundadas numa genealogia mítica, e enfim as senhorias
que, dentro de cada uma dessas divisões, ligam-se por articulações su-
plementares a esta mesma genealogia. Não parece haver dúvida que estas
senhorias constituem linhagens, que se multiplicam pelO desprendimento,
em intervalos regulares, dos primogênitos das principais casas, que vão
fundar, em novos territórios, sua própria casa. Com efeito, é o filho mais
jovem que herda a chefatura. "O filho mais moço é o herdeiro princi-
pal. .. Sucede à dignidade do chefe e toma posse da casa familiar e do
direito à terra... O filho mais velho não-herdeiro de um dawa junta·se
com seus amigos que se encontram em igual situação, emigra e funda
com os companheiros um novo estabelecimento. A esta conseqüência do
direito de herança é que provavelmente se deve o sistemático alargamento
do grupo Chingpaw, e é ela que explica também talvez a dispersão de
cada ramo em vários feudos."'
Encontra-se entre os Lushai uma situação análoga. "Quando um filho
de chefe atinge a idade do casamento o pai compra para ele uma mulher
e lhe confia um certo número de casas, tomadas em sua aldeia, que cons-
tituirão daí em diante uma nova unidade. A partir desse momento ele
comandará como um chefe autônomo ... O filho mais moço permanece
na aldeia paterna, e sucede ao pai não somente no comando da aldeia
mas também no que se refere aos bens",·2
Esta partenogênese contínua das linhagens, junto com a possibili-
dade, para cada uma delas, de adotar clíentes de origem estrangeira
que tomam-lhe o nome, deve progressivamente reduzir as mais antigas
- Por exemplo: "Um ramo da tribo lathong governado por um chefe da fa-
mma sana será chamado sana·lathong, ou será denominado de acordo com as particu-
laridades geográficas de seu território" (George, 1892; citado por Wehrli, op. cit., p. 24). - Wehrli, op. cit., p. 26.
- H. J. Wehrli, op. cit., p. 33. W. R. Head, Hand Book ... , p. 2088.
- Ten·cor. J. Shake8pear, The Lushei Kuki Clans, Londres 1912, p. 43.
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