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é completamente diferente, pOis equipara golTa, mui, e os grupos conhe-
cidos, segundo as regiões, como gôl, kul, inlipeTulu, larvad, etc., H para
o qual, por conseguinte, a exogamia indiana reduz-se, de um lado, ao
sapinda e, de outro lado, ao golra.
É preciso, entretanto, entender por golra dois tipos de grupamentos
diferentes e esta conclusão resulta muito claramente do confronto dos tex-
tos de Karandikar e de Risley. Risley chama golra os grupos denominados
segundo os santos, e, como argumento em favor da prioridade histórica
das secções territoriais sobre os gotTa, indica que as primeiras são muito
numerosas, ao passo que os gotTa "bramânicos" são menos, e formam
um sistema que pode ter sido tomado de empréstimo em conjunto. ,.
Contudo, outros autores chamam a atenção sobre o considerável número
de golra (até trezentos e trinta e cinco por clã) e sua constante multi-
plicação_ , .. Não pOde tratar-se da mesma coisa. A dificuldade fica escla-
recida quando se distingue, de acordo com Karandikar, duas espécies
de gotTa: de um lado grupos locais ou epônimos, patrilineares ou ma-
trilineares, existentes em grande número, e de outro lado o gotTa em sen-
tido estrito, tal como é definido pela regra de exogamia. uDuas pessoas
que pertençam ao mesmo gotTa e recitam o mesmo pravara não podem
ser unidas ... " Os golra definidos pela comunidade de pravara são pouco
numerosos, cerca de uma dezena, diz Karandikar, vinte e quatro a qua·
renta e dois, diz Banerjee, e constituem não secções epônimas mas es-
colas de ritu~l." São evidentemente estas últimas que Risley c.onsidera
como tomadas emprestadas aos Brâmane e às quais atribui origem recente.
Nós as deixàremos de lado.
Esta dist,inção conduz Karandikar a uma concepção de conjunto,
essencialmente fundada no caráter tardio da exogamia de gotra. Passa-se
sucessivamente de um período no qual 'O casamento sagrota não é men-
cionado à sua proibição incidental, e depois (em Baudhayana e Gauta-
ma), à estipulação da penitência que atinge o culpado, mas não o filho
dessa união, ou mesmo à prescrição de simples interrupção das relações
culposas, sem outra penitência, exceto no caso em que tenha nascido um
filho. Nessa época ainda o casamento sagotra é um pecado venial em
comparação com o casamento do mais moço com o mais velho. É so-
mente Gautama que denuncia formalmente a união sagotra. "O princípio
exogâmico existia, alguns tinham·no adotado plenamente, outros hesita·
vam ainda, alguns se opunham. Tal é o estado de coisas que se depreende
do conjunto dos Sutra ...
Assim, os indo-arianos teriam progressivamente elaborado a noção
de golra, escola religiosa e grupo exógamo, ajustando-se à fórmula exo-
gãmica cujo modelo lhes era oferecido pela divisão das populações con-
quistadas em mui, kul, larvad, etc. Os "grandes golra", para empregar
uma fórmula simplificada, seriam de origem bramânica e de aparecimento
recente. Assim se explica que as outras castas não possuam, propriamente
falando, "grande gotra", e devam ou criá·las, imitando as dos Brâmane,
- Karandikar, Prefácio.
- Cf. vaI. 1, p. 30. Hutton, Caste in India, p. 49·53.
- L. Adam, The Social Organization and Cuslomary Law Df the Nepalese Tribes,
American Anthropologist, vaI. 38, 1936. - Karandikar, capo IV. G. Banerjee, op. cit., p. 55.
- Karandikar, p. 115·119.
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