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Na manhã do dia seguinte, segui para Davos, uma pequena cidade de cerca de
11 mil habitantes a quatrocentos quilômetros de Genebra. Devido à geografia
montanhosa, só se chega lá de trem, carro ou helicóptero, nada de aviões. Na
estação central de Genebra, embarquei para Zurique, onde troquei de
composição. Fui para Davos no Expresso Cristal, um trem moderno com
paredes e teto de vidro que permitem que observemos a bucólica paisagem
suíça. Boa parte dos homens que movimentam o PIB mundial estava
embarcada naqueles vagões.
Na cidadezinha há três estações, e meu trem parou na segunda. Ao
desembarcar, aguardei por quinze minutos os seguranças suíços que me
escoltariam até o hotel. Se em Genebra a sensação térmica era de 10oC, na
pequena Davos o vento carregava um ar gelado que parecia beirar 0oC.
Mesmo com um pesado casaco de lã, achei que morreria congelado. Eu era
fumante até então, mas, mesmo sofrendo com a falta da nicotina, a
temperatura me desencorajou a acender um cigarro.
Davos se transforma quando acontece o Fórum Econômico Mundial. A
cidade fica repleta de empresários, altos executivos de multinacionais e
burocratas do alto escalão de países do mundo inteiro. As lojinhas, padarias e
farmácias são alugadas para grandes empresas, que as transformam em
estandes. Há policiamento em toda parte, e, como o presidente dos Estados