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Se por um lado eu contava com o apoio dos militares do governo, por outro,
setores do bolsonarismo conspiravam para minha queda. No dia 9 de abril, o
jornalista Caio Junqueira, do canal de TV a cabo CNN, colocou no ar uma
reportagem que tratava de uma conversa entre o ministro da Cidadania, Onyx
Lorenzoni, e o ex-titular da pasta, o deputado federal Osmar Terra, em que
tramavam puxar meu tapete.
Junqueira ouviu e gravou o diálogo depois de ligar para Osmar Terra, que
atendeu ao telefone, mas nada falou. O deputado deixou o aparelho captando
sua conversa com o ministro da Cidadania e deu para ouvir os dois falando
sobre a minha demissão e a mudança da política do governo de
enfrentamento ao novo coronavírus no Brasil. Foram pouco mais de catorze
minutos de gravação. É óbvio que não foi acidental. O Osmar Terra, que
também é médico, sempre esteve alinhado ao discurso de Bolsonaro contra a
quarentena e tinha o desejo de ser ministro da Saúde.
No trecho inicial da conversa gravada pelo jornalista, Osmar Terra
defendia a mudança da política do governo. “Tem que ter uma política que
substitua a política de quarentena”, dizia. Era tudo o que o Bolsonaro gostaria
de ouvir.
Terra também dizia que a atuação do Ministério da Saúde, definida por
mim, não estava protegendo o grupo de risco e que o ideal seria estabelecer