Secretaria de Saúde de Campo Grande, conversamos sobre como o exercício
de um cargo público poderia ser uma maneira de praticar a medicina. Na
minha candidatura a deputado nos encontramos e ele fez uma coisa que me
marcou muito. Ele me perguntou: “Você vai entrar na política?”. Eu respondi
que sim, e ele então colocou uma nota de cinquenta reais na mesa e me disse:
“Então você fala pra ele: ‘Você não manda em mim, eu mando em você’”.
Depois, ganhei uma Nossa Senhora de Nazaré, uma Santa Dulce, Santo
Antônio, e aqueles santos ficavam do lado da minha mesa. Mas comecei a
perceber que, quando eu recebia deputados evangélicos, elas causavam
desconforto. Então comecei a juntar as imagens em uma salinha do lado da
copa e aquilo virou uma espécie de oratório. As pessoas sabiam que eu era
católico e iam me presenteando com mais santos. Mas desde os meus dezoito
anos eu sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida. Vou todo ano a
Aparecida, preferencialmente no dia 12 de outubro, e eu havia feito uma
promessa a ela, pedindo que protegesse o Brasil. Por isso nessa fala eu disse
que rogava “a Deus e a Nossa Senhora Aparecida”. É claro que isso causou
ruído com os evangélicos.
Segui então para o Ministério da Saúde. As minhas assessoras já tinham
arrumado minhas coisas, limpado as gavetas. Em vários momentos da minha
gestão sob a pandemia a equipe do ministério achou que eu que sairia do
governo, mas dessa vez era verdade. Vieram todos falar comigo. Algumas
pessoas pediam para bater foto, havia quem estivesse chorando. O Leandro, o
copeiro, o menino alto e muito forte que esteve comigo no Ministério da
Saúde desde que a crise do novo coronavírus se instalou, começou a chorar.
Foi emocionante.
Estávamos desde o começo da pandemia mantendo um distanciamento de
pelo menos dois metros entre nós. Mas naquele momento todo mundo ficou
no entorno do gabinete, emocionado, e muitos queriam vir até mim para me
antfer
(Antfer)
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