forma muito dura a ausência do ministro da Saúde: “Não entendo, somente, o
silêncio do ministro da Saúde brasileiro. Não fala nada, não aparece. Uma
espécie de ninguém sabe, ninguém viu”.^1
E ele estava certo. Durante 2019, me mantive muito recluso. O governo
Bolsonaro tinha uma agenda polêmica — infindáveis discussões sobre
educação, cultura, Lei Rouanet, porte de armas, e assim por diante. Enquanto
isso, eu só falava em vacina, na importância de controlar o sarampo, me
dedicava à montagem da equipe e à reestruturação dos programas do
ministério. Ninguém sabia quem era o ministro da Saúde até a pandemia.
Quando o Villa disse isso, percebi que meu tempo de discrição acabara. Uma
comunicação ágil e transparente é a melhor arma contra o medo do
desconhecido e as fake news.
Na segunda-feira, 27, me reuni com o Gabbardo e o Wanderson Oliveira,
diretor de Vigilância em Saúde. Entendi que era preciso marcar outra
entrevista para a terça-feira, agora com a minha presença. O Carnaval estava
chegando, seria já em fevereiro, e havia muitas dúvidas sobre o novo vírus
que atingia a cidade chinesa.
A grande discussão naquele momento era como fazer a vigilância em
saúde num país com uma costa extensa, em pleno verão, com turistas de
todos os lugares. Precisaríamos organizar o fluxo de pessoas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela
fiscalização dos portos e aeroportos, é uma agência que não dialoga com o
Ministério da Saúde. Fiscaliza quem entra e sai do país, mas, em razão da
política de não fazer novos concursos públicos, o quadro de fiscais de portos
e aeroportos é muito pequeno. São funcionários contratados ainda na época
da antiga Fundação Nacional de Saúde (Funasa), nos anos 1980, e que foram
remanejados para a nova agência.
antfer
(Antfer)
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