Minha fala sobre o adiamento das eleições teve então uma repercussão
enorme. As manchetes dos jornais só davam isso. No dia seguinte, Rodrigo
Maia me mandou uma mensagem no WhatsApp pedindo que eu não falasse
de eleições. A troca de mensagens começou no dia 22 de março, à 1h17 da
tarde.
“Amigo, com todo respeito. Eleição não deveria ser sua agenda. O prefeito
de Campinas quer usar a crise para continuar mais dois anos. Vamos deixar
chegar em junho para avaliar e não colocar prefeitos e vereadores nessa
agenda. A agenda agora é enfrentar o vírus.”
Eu respondi: “O.k. Só falei porque eles estão tomando atitudes políticas
pensando nas eleições. Prefeito fechando tudo para falar que é fodão. O de
Campo Grande, minha cidade, parou os ônibus sem avisar ou planejar.
Resultado: parou a troca de plantão dos hospitais. Em SP a fábrica de
respiradores, meu maior déficit, está trabalhando a toda carga para aumentar
a produção. Hoje não pôde trabalhar porque as pessoas estão em quarentena
em todo o estado de SP e eles não puderam chegar. E assim vai. Estão
pensando nas eleições e matarão as próximas gerações”.
“Concordo, mas tudo que eles querem é adiar. Não podemos entrar no jogo
deles.”
“Estão fazendo muita merda em nome das eleições.”
Rodrigo Maia prosseguiu: “Então vamos fazer uma coletiva falando isso.
Topo estar ao seu lado, adiar é o objetivo deles”.
“O.k.”
Nesse dia, o José Carlos Aleluia se aproximou e disse: “Você não se meta
com política. Você está ganhando a opinião pública porque está no campo
técnico, você está no campo da saúde, no campo da ciência. Larga a política
pra lá, porque se você começar a falar de política, você vai cair na vala
deles”.
antfer
(Antfer)
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