National Geographic - Portugal - Edição 235 (2020-10)

(Antfer) #1
REIMAGINANDOOSDINOSSAUROS 11

aceleradores de partículas e análises químicas
permitem agora aos investigadores destrinçar
o osso da rocha e descobrir as mais diminutas
características ocultas dos fósseis. No que diz
respeito à descoberta de dinossauros, “creio fir-
memente que a sua época áurea está a acontecer
neste preciso instante”, afirma Steve Brusatte,
paleontólogo da Universidade de Edimburgo.

S


ABEMOS QUE OS DINOSSAUROS,
são seres persistentemente cativan-
tes. Durante 150 milhões de anos,
dominaram as paisagens da Terra,
habitando os territórios correspon-
dentes aos sete continentes da
actualidade. Os dinossauros foram
extraordinariamente bem-sucedi-
dos no seu tempo, adaptando-se a um grande
número de formas e tamanhos.
Segundo estimativas apresentadas por Ste-
ve Brusatte e outros autores, os cientistas já
catalogaram mais de 1.100 espécies de dinos-
sauros extintos e este é apenas uma parte das
espécies que outrora existiram, uma vez que a
fossilização só ocorreu num número reduzido
de ambientes. A sua história continua até hoje.
Quando um asteróide colidiu com a península
de Iucatão, no México, há 66 milhões de anos, e
eliminou três quartos das espécies que então vi-
viam na Terra, um grupo de dinossauros sobre-
viveu: as criaturas cobertas de penas a que hoje
chamamos aves.
A ciência ocidental só começou a estudar os
dinossauros na década de 1820, mas aquilo que
aprendemos é altamente revelador da maneira
como os animais terrestres são afectados pelo
nosso planeta em constante mudança. À me-
dida que os continentes se afastavam uns dos
outros e se recombinavam, as temperaturas e o
nível do mar subiam e desciam, mas os dinos-
sauros foram persistindo. Que lições podemos
retirar das suas reacções e resiliência? Para
conseguirmos contar uma epopeia desta di-
mensão, há que acompanhar as expedições pa-
leontológicas em curso em todo o mundo. E os
paleontólogos estão a descobrir mais novidades
do que nunca.
Uma das regiões mais ricas para achados de
novos fósseis é o Norte de África. Um ser hu-
mano pode quase sufocar a 41ºC no Saara mar-
roquino e terá dificuldade em imaginar que esta
foi, noutros tempos, uma paisagem luxuriante
com rios profundos.

Além de organizarem
exposições, os museus
estudam um amplo
leque de fósseis. No
Museu de História
Natural do Reino Unido,
conservam-se os únicos
ossos conhecidos do
Adratiklit, o mais antigo
estegossauro alguma vez
descoberto. Em 2019,
uma equipa dirigida por
Susannah Maidment,
curadora residente do
museu, classificou o
Adratiklit como um novo
género, em parte devido
ao osso do braço que
segura nesta imagem.


(Continua na pg. 16)

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