National Geographic - Portugal - Edição 235 (2020-10)

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Os fósseis da China, bem como outros prove-
nientes de sítios igualmente importantes em todo
o mundo, conservam vestígios de todos os tipos de
tecidos. Em 2014, os investigadores anunciaram a
descoberta de um espécime de Edmontosaurus
regalis, uma espécie da família dos hadrossauros,
na região ocidental do Canadá, com uma crista de
carne mumificada, como a que se vê num galo.
Trata-se de uma estrutura que não se sabia existir
num dinossauro, embora a espécie seja conheci-
da há quase um século. Os fósseis revelaram que
estas criaturas utilizavam partes do corpo exage-
radamente desenvolvidas para atraírem compa-
nheiras e disputarem um estatuto social superior,


tal como os mamíferos modernos, ou para iden-
tificarem indivíduos da sua espécie. Graças ao
Edmontosaurus e outros dinossauros com tecidos
moles visíveis, os paleontólogos identificam pis-
tas sobre o esplendor destas manifestações.
Em alguns casos, os investigadores conseguem
até inferir algumas componentes químicas origi-
nais dos animais. Em 2008, cientistas chefiados
pelo paleontólogo Jakob Vinther, actualmente
na Universidade de Bristol, descobriu que os me-
lanossomas, minúsculos grânulos subcelulares
pigmentados por melanina, tinham capacidade
para fossilizar. Este achado abriu a porta para um
domínio outrora considerado impossível: a des-
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